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Mostrando postagens com o rótulo Crônicas

Sabujos rabujo

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Eu esperava o documento requerido. Ao meu lado, alguém murmurava do Governo. Não conseguia entender onde os repasses da União foram investidos no município. Saúde ruim, educação, infraestrutura etc. Falou, também, da sinecura do prefeito, parentes e camarilhas.  Nisso, entra um sabujo. Ele se dirige para uma porta. Nela, um aviso: “Só pode entrar funcionários autorizados”. Com pressa ele entra e, antes de bater a porta, [1] me olha com raiva. Eu, acostumado com esses olhares de cãomício , observava a cara dele nua, sem graça, sem nada; sentindo-se gente. Continuei a minha espera até que a simpática atendente me fez ir aonde ela estava, me entregou os documentos. Agradeci, dei tchau para ela e saí. Só que a cara do cãomício ficou armazenada na minha cabeça e sempre era visualizada como num monitor. Pensei: — Pobres e infelizes são os sabujos rabujo. [1] Antes que algum puritano jogue em mim a gramática, saiba que estou usando o português brasileiro.

Irmã da covardia

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Era de madrugada no povoado Alecrim quando Felipe bateu desesperado na porta da casa de Ivan. A porta foi aberta, mas a cara e o coração estavam fechados. Isto era visível nas formas geométricas da face dele. Felipe nem importância deu porque para ele a única coisa que importava era a mulher que estava prestes a parir. Ivan alegou que não poderia dar assistência porque os faróis do carro estavam com problemas e que havia pouca gasolina no tanque. Sem dar importância aos apelos de seu concidadão e eleitor, simplesmente disse que não podia atendê-lo; voltando-se para os seus aposentos resmungando: “Dei aquele infeliz o telhado da casa e no dia da eleição ele ainda veio me pedir dinheiro. Esse povo é assim: se a gente deixar, tira o nosso couro”. Felipe, angustiado e vendo a mulher se contrair de tanta dor, foi às pressas a casa do cunhado e o chamou para lhe dar socorro. Ao chegarem, carregou a esposa até às margens do rio São Francisco, pondo-a em um barquinho, remando rio ab

Harmônicos entre si

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A prática da mercantilização do voto consome o eleitor brasileiro. Ela só contribui para que políticos ruins sejam procriados Brasil afora. Por isso a minha pequena Colégio sofre com a mercantilização do voto. Por causa dessa prática, as tetas da viúva são para poucos bezerros. A dívida dela com a sociedade colegiense é enorme. Vai um, vem outro e pouco ou quase nada se faz. E quando se faz, o bem feitor se sente senhor das cercas. A única coisa que acontece desde a redemocratização é o acúmulo de processos por corrupção, compra de voto, abuso de poder econômico, enriquecimento pessoal, brigas vis e mesquinhas que não contribuem para o crescimento da Pequena, rica em água, em cultura, de solo fértil, de gente agradável. O eleitor colegiense e os demais do Baixo São Francisco deve entender que o voto não é um bem que se deve trocar, vender. Que esse bem não é uma mercadoria exposta para o consumo; mas uma ferramenta que outorga poder aqueles que o representará. E concluo: a “harmoni

Ele se acha

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Tem prefeito que se sente dono do dinheiro público e de tudo o que há n o município . Desviam recursos que se destinam para a folha paralela, as coalizações políticas, pagamento de financiadores e vaidade pessoal. Quando questionado, esbraveja. Só porque mercadeja o voto no período eleitoral e pós, infla o peito de soberba e estultícia. Acham que os cidadãos têm a obrigação de estarem submissos a seus caprichos. Praticam todo tipo de picuinhas e injustiças. É uma criatura paupérrima! Falta remédio aqui, educação ali, merenda escolar acolá e por aí vai . Por falta de planejamento, boa vontade, esses infelizes direcionam a culpa para o Governo Federal. Ele acha que as pessoas são tolas, que elas não acessam o Transparência e outros sítios que detalham os repasses da União para Estados e Municípios, sentindo-se no direito de humilhar quem deles precisam com informações descabidas, serviços ruins; tratando o público como particular. Esse tipo de coisa tem acontecido graças a uma Justiça

A merenda que não estar nas escolas

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Quando não há merenda nas escolas ou são oferecidos biscoitos com suco artificial, as tribunas se calam. Quando este comportamento passivo chega às ruas e algum cidadão reclama, indigna-se; há quem costuma dizer: — O que você tem com isso? A gente tem que arrumar um jeito de comer também! Indignar é o verbo ignorado pelos vendidos, pelos que comem. Dessa forma a prática da corrupção recebe apoio de parte da população eleitoral. E pasme! Ela é dita “culta”, “esclarecida” e alegram-se com as artimanhas políticas. Por isso a maioria dos vereadores e gestores não cumpre com os seus deveres. Estes tem a obrigação de fiscalizar, mas colocam o rabo no ventre, no egoísmo, na facilidade, na “naturalidade da corrupção” entregando-se ao regozijo da impiedade e aqueles a de fazer, mas omitem-se, violentando todo tipo de Lei. E o dinheiro da merenda, que deveria ser escolar, vai para as bebidas, as farras, os conchavos políticos, as construções e reformas de casas, descem pela garganta e terminam n

Professores e educadores

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A maioria dos profissionais da educação quando ocupam cargos de confiança ou de comissão, tornam-se algozes de seus próprios colegas com práticas mesquinhas. Isso acontece de um governo para outro.  A prática desses infelizes constitui em negar direitos adquiridos, suprimem leis, dão o famoso “gelo” e outros atos vis acompanhados de desculpadas descabidas e esfarrapadas. Quando contrariados, esbravejam prepotência e estultícia.  Enquanto esse tipo de assédio estiver nas secretarias de educação, diretorias, coordenadorias; a educação do nosso país será sempre capenga porque o problema dela não se resume especificamente ao piso salarial; mas a vícios políticos, a picuinhas, a falta de compromisso, a má gestão de pessoal e do dinheiro público.  Esse tipo de comportamento é típico de professores e não de educadores. Estes priorizam a educação, são profissionais e lutam todos os dias por vencimentos justos; enquanto aqueles se preocupam com o estômago, são desqualificados, bajulam político

Eleições e a troca de voto na República Velha

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  "(...), a questão da pobreza e da desigualdade no Brasil se mostra como algo gerado por um déficit histórico de cidadania em um país que viveu sob regime escravo por quatro séculos, no qual direitos civis e políticos existiam apenas no papel. Um bom exemplo são as eleições brasileiras, tanto no período do império quanto na república velha - a chamada república dos coronéis. As eleições eram escrutínios caracterizados pela fraude e truculência, onde os eleitores eram ameaçados por capangas ou trocavam seu voto por qualquer utensílio ou objeto". Referência: DANTAS, Humberto & Júnior, José Paulo Martins et al. Introdução à política Brasileira. São Paulo: Paulus, 2007. p.216

O poder de manipular

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Paulo Henrique Amorim, o PHA, do Conversa Afiada nos deixou em julho de 2019. Era jornalista e escritor. Com suas críticas bem humoradas, sarcásticas, deixou a sua contribuição para a democracia capenga do nosso país. Ele, que sempre nos alertou sobre o Pig, que não é porco (a), mas Partido da Imprensa Golpista. Compreender a mídia, seu funcionamento é dever de todo cidadão para evitar a manipulação; até porque ela também curti um fake news . De forma concisa, Paulo Henrique Amorim em sua imensa experiência, nos mostra o funcionamento dessa instituição, considerada o quarto poder .    Manteve por muitos anos o blogue Conversa Afiada. E  a luta continua. A vida segue e as pessoas simplesmente morrem.

Molhando a mão

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M.J. bordava redendê na sala de estar quando a vereadora Alícia surgiu sorridente. Pediu licença, entrou e disse : — Recebi seu recado. — Obrigado por ter vindo. Sente aqui, apontando para o sofá. Quer uma aguinha, um cafezinho? — Não. Obrigado Sem firulas, M.J. foi direto ao assunto: — Sabe o que é, mulé; minha menina se operou e tá precisando de medicamentos aí. Já fui no posto de saúde e você sabe como é: nunca tem nada. Por isso, recorro a você. O que você pode fazer por mim? — A senhora tá com a receita? — Tô! — Vá pegar pra eu dar uma olhada. E ela  foi num pé e voltou n’outro. Alícia pegou a receita das mãos dela, olhou, olhou novamente, coçou a cabeça com a caneta e disse: — Vou vê o que posso fazer. S aiu e  entrou no carro sem olhar para trás. Só que o “vou vê” nunca mais deu as caras. Por sorte, M.J. guardou uma fotocópia da receita,  entregue a outro parlamentar que  levou o casso para o prefeito. Este  se prontificou e m  solucionar o problema, ganhando o afeto e a fideli

Mil blocos logo no início

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Publicado inicialmente em 2015 na Tribuna da Praia. Du resolveu pintar o cabelo de amarelo queimado. Na calçada, conversa com um, com outro e chama pelo nome dos que passam pela rua. Em seguida, se aproxima de onde estou; sentando ao meu lado . Perguntei o que ele achava do prefeito. Ele respondeu: “Não quero nem ouvir falá o nome desse homi”. A resposta crespa e raivosa dele não me fez recuar. Indaguei as razões de tanta raiva. Du ficou silente, mas resolveu abrir o coração. Me disse: “Minha avó... Perto de se aposentar. Precisou de R$ 50,00. Aí, ela falou com um conhecido dela. Ele não conseguiu arrumar o dinheiro. Aí, o conhecido da gente disse: ‘Não se preocupe. Vou falá com o prefeito’. Quando minha avó foi falá com o prefeito a mando desse conhecido, ele só deu R$ 20,00. Isso foi cinco meses depois da eleição”. Eu disse para ele: “Isso não é certo. As pessoas devem pedir para os prefeitos escolas boas, bons professores, saúde de qualidade, cidade bem cuidada, gerar e

Uma viagem pelas crônicas de Ron Perlim

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Era o ano de 2003. Na busca de subsídios para uma das edições do extinto Jornal Opara – Propriá/SE, encontrei um jovem Matemático, escritor, pesquisador, poeta e contista, e se me permitem assim ampliar os qualificativos, um exímio educador popular que nos municiou                     sobre      um     verdadeiro       mosaico        para compreendermos os elementos históricos e culturais do município alagoano de Porto Real do Colégio.     De lá para cá tive contato com sua obra, cujo valor incalculável se manifesta em exemplos como Às Margens do Rio Rei (aspectos gerais do município), Porto Real do Colégio: Sociedade e Cultura , Agonia Urbana (prosa poética), Minicoletânea de Escritores Colegienses (prosa poética), O Lugar da Poesia e da Prosa e Ritmo Vital (estes últimos escritos a várias mãos), além de um numero infinito de textos ecoados na grande rede, através de