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Cleno Viera, poeta, estudante do curso de Letras Vernáculas. UFS/SE.
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Livro Chico, o Velho. 1 ed. -- Porto Real do Colégio, AL. Plima
Edições - Novela – Literatura Brasileira.
Foi com imensa alegria que recebi pelos Correios o presente livro do
escritor, professor e amigo Ronaldo Pereira de Lima, carinhosamente
chamado de Ron
Perlim. A temática central, o sofrimento do rio São Francisco,
o querido Velho Chico, mas também a simplicidade com que vive os
ribeirinhos de Porto Real do Colégio, nas Alagoas, um verdadeiro
manifesto em prol destes que são por demais desvalorizados,
marginalizados e até mesmo, excluídos do debate político lá na
capital federal, Brasília.
Hoje,
não se vê, diante de tantas urgências que o Brasil protagoniza,
uma discussão que trate a problemática desde seu princípio ao mais
complexo detalhe. Passamos por contratempos, onde, sob o controle da
nação, são propagados e instrumentalizados uma forma odienta no
Estado brasileiro, o nosso Velho Chico, mais uma vez, infelizmente
ficará para trás.
Tendo
em vista todos os problemas supramencionados, faz-se necessário,
além de sua leitura, uma ampla divulgação deste livro e de outros
manifestos em prol do São Francisco (e de seu povo), principalmente
nos meios mais populares de comunicação, nas instituições de
ensino, sejam elas públicas ou privadas e se ainda possível for um
maior acolhimento da obra por parte dos centros e academias
literárias da região, e assim promover o desejo de Germano e seus
amigos pescadores, “Apenas estou pensando no povo simples que vive
do Velho e depende dele para sobreviver.”
Além
da discussão central, chamou-me atenção a descrição que o autor
faz do porto de Propriá, cidade que também é margeada pelo Rio.
Ron não se esquivou em descrevê-lo como realmente é na realidade,
pode até não ser no período festivo do Bom Jesus, mas que
certamente na maior parte do ano é assim que recebe seus visitantes
e acolhe o Velho: “Sem o que dizer, foram cabisbaixos até a cidade
de Propriá. Ela os recepcionou com um bueiro, bolsas plásticas,
orelhas-de-burro, um cavalo morto, latas de refrigerantes, cervejas,
roupas, sandálias e um cheiro insuportável de fezes ao pé do
cais.”
Claro,
que o bueiro depende de outros esforços para ser bloqueada sua
atividade, ou ao menos “amenizada”, o cavalo, sua presença pode
até ser rara, mas o restante dos obstáculos podem e devem ser
evitado e/ou enfrentados diariamente pelos milhares de propriaenses,
que não sabem, ou fazem pouco caso da mais legítima verdade, não
haverá: não haverá Propriá, muito menos Colégio, sem a presença
do querido e amado Velho Chico, nosso irmão.
Aracaju,
15 de julho de 2022.