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15 de jun. de 2012

Sangue vermelho

O menino no sangue, o menino no asfalto era um menino antes que um carro bêbado o atropelasse.

As pessoas passam, olham; umas torcem a cara. É horrível! Outras torcem o nariz… Mas o corpo do menino está lá no sangue, no asfalto. E ninguém pensou no blindado de esperança de que ele se revestia não o fez intacto da morte.

Quando penso no sangue daquele menino que, talvez, quisesse ser padre,

Penso também no sangue da prostituta que não queria ser prostituta, no vendedor de livros que não queria ser vendedor de livros, no vagabundo ambulante que sonhara uma vida digna, e não pode nem sustentar a si mesmo.

Dói-me todos os seus sonhos extraviados.

Dói-me todos os seus sonhos extraviados.

Por isso abraço e beijo a puta no lado mais escuro da esquina. Dou a ela a minha compreensão e lhe faço carícias que ninguém vê.

Por isso divido o meu cigarro com o bêbado, com o mendigo, e dou ao menor mais que a humilhante moeda. Dou a eles a minha compreensão.

Havia uma mulher que tinha a cara marcada com várias cicatrizes de faca.

— Mas a moça no espelho era bonita, jovem e elegante.

Por que sera que ela se olhasse no espelho?

Misturo-me a vocês. Escondo o meu, e bebo um pouco do seu trágico.

Sob este céu rasgado a vermelho dou a sua vida estrupada a minha compreensão.

Ponho a mão no teu sexo sangrando, cujo pano não estanca o sangue violado,

Mesmo sabendo que morremos desta nossa vergonhosa hemorragia.


Wellington Liberato dos Santos
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12 de mar. de 2012

Claro verbo trágico

Amor é o sexo aberto de uma prostituta cínica,

Ou o de uma moralista suando fremindo em voluptuosa lascívia.

Solidão é um porre, um café, um cigarro. Andar só por entre as pessoas pelas ruas e ser só noite avessa noite escura.


Amar, amar os amigos mortos, os parentes mortos,

E todos os que estão distante e a qualquer momento temos esperanças de rever.

Amar a tia do jardim escolar,

Amar aquela professora da 5ª ou 8ª série do colegial que,

Por mais que envelheça, como permanece jovem e eterna na memória.

As velhas mestras do 2º grau, de preferência as de língua portuguesa e literatura,

Tão maternas como o colo de mamãe.


Enfim, cuspir na vida nesta existência medíocre,

Na falsa ética social, neste trágico mundo triste; mundo de merda a cada instante de ira e raio...


Ser conciso e duro

E ter nos olhos a frieza trágica dos metais.


Wellington Liberato dos Santos
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13 de jan. de 2012

Retrato em preto e branco

Não me pergunte desta expressão de Napoleão voltando da Rússia, de herói de fábulas
Sem feitos heroicos
Sem campo de flores sem romance sem nada.
Esta aparência de cadáver, de corpo sem sombra,
De vulto que vai longe
É o retrato meu que você pintou.

Wellington Liberato dos Santos
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18 de dez. de 2011

Poema I

Dentre o barro e o asfalto surge a minha poesia,
de rústico pedregal
e perfume de eucalipto.


Wellingto Liberato dos Santos
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A etérea


Existe um rio de calma em ti.

Circula sobre ti um céu anilado

Um bocejo sem pressa

Um riso agraciado.

Os modos de você se portar fixam sua personalidade genérica

Na sua geometria exponencial de ser.

Você tem no corpo a essência dos bálsamos do mar,

o cheiro saboroso do limão

- Em você todos os pensamentos que me inspiram sublimição.


Wellingto Liberato dos Santos
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10 de jul. de 2010

Mensagem para uma inscrição


Quando você for ao monte contemplar
Este mundo triste dos vivos
Você seguirá voando pelos penhascos sem
Ponte,
Com sua asa, sua dor, seu sorriso
Toca seu banjo, sua harpa
Sua flauta seu flautim seu violão
Toca a guitarra seu teclado seu piano
Ou qualquer misterioso instrumento de anjo
Só não se sinta triste
Quando eu tiver chorando você.
É porque você existe,
E eu morro de vontade de lhe ver de novo,
MÃE.
Wellingto Liberato dos Santos
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7 de jan. de 2010

A minha caixinha de música

A minha caixinha de música
Não entrou para o ouvido.
Hoje mesmo ela tocou uma acústica
Lá do alto ao meu ouvido.

Daí de cima a tua harpa,
Em escala musical, me atravessou como uma farpa
Com tua canção maternal.

Mãe, por que você olha mesmo
Pra este filho ingrato,
Que faz poemas tão feios
Indizíveis, chatos

Cheios de rodeios
Para o teu seio etéreo e nato? 

LIBERATO, Wellington. Et all. Minicoletânea de Escritores Colegienses. Opção 2: RS, 2003.
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