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Mostrando postagens de agosto 3, 2008

Abrir e fechar o dia

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Hoje fui acometido por uma insônia miserável. Volvia-se sobre o colchão e os meus olhos viam pontinhos luminosos na escuridão. Os grilos se foram, os pardais pipilavam e abriam o dia. Um montão deles era um coral. Eu não fiquei para trás, abri também o dia com as orelhas e da minha cama vi um dia diferente com nuvens espessas e paradas. Os primeiros raios de ressaca surgindo com uma preguiça própria do céu. Olhos começaram a se abrir, mãos começaram a lavar os rostos. Os primeiros movimentos saem na rua, algumas portas se acordam e para a rua. Os pardais se espalham em vôos diferentes e buscam na variedade do cardápio o dia. Saem assim como o homem para a vida. Mas, eu fico coberto com o lençol e os  meus olhos estão pesados. Um friozinho está nos cantos do meu quarto, menino sapeca, sorrateiro. LIMA, Ronaldo Pereira et all. Ritmo Vital: contos, poesias e crônicas. São Paulo, Edições AG, 2007.

A menina que passa

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Lá vai a menina que passa E os meus olhos que pregam uma peça em frente da praça Lá vai todo o encanto Que é livre quando canto ao meu amor E todos olham na praça Que eu, passo a passo, vou com pressa. Lá vão os meus pensamentos Todo mágico, todo humano Que foge e se abafa de tanto lamento Lá vai o meu sorriso com o vento Com cara de bento E uma angústia por dentro Lá vai, lá vai e as minhas lágrimas Não vão, e você menina, lá vai. Lá vou eu, Com a menina que passa, As mãos que passam e os pensamentos que montam uma peça No meio da praça. Não me peça menina que passa, a minha face E todos te olham e me olham. Mas entendam: ela é a menina que passa com muita pressa pela praça (LIMA, Ronaldo Pereira de et all. O lugar da poesia e da prosa: Antologia , pp. 22-23. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2008).