26 de fev. de 2012

Espiando da janela

I
 Porque uma coisa é sentir a vida, outra, é você vivê-la, apalpá-la. Tarefa difícil e constrangedora. Não é uma coisa dada de graça. É para os que crescem e não para os que se entretêm só com este mundo.
 II
Não é difícil está em uma janela. Difícil é enxergar por ela o corre-corre, o dia-a-dia da cabeça.
III
Não chamarei de coisa viva aquilo que apresenta movimento (obs.: os carros, as plantas, etc.)... Devemos entender que na multidão de movimentos há os instantes roubados, calados e colados dentro de um corpo que precisa fugir. Também há os vivos que não são luminosos. Mas, eles têm luz.

Ah, luz! 

Não se encontra batendo em portas ou percorrendo caminhos. Há uma necessidade de se congelar. Alguma coisa fugiu de mim. Não foi um pássaro, não foi um olhar ou um carro. Foi um sonho, um pensamento que se esqueceu de lembrar.
 IV

Eu tenho pensado e até falado na compreensão. E só tenho acumulado sofrimento, dificuldade: sofro quando me falta palavras para expor a compreensão, sentimento que emana de dura sensibilidade e de uma cabeça crescida.

Às vezes me perco e torno-me um inútil, quando me sobrevêm a dificuldade, a fraqueza íntima de não poder com singeleza passá-la para outro eu.


Aracaju, janeiro de 2002.
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