Muitos
dos nossos melhores escritores, desde o início do século XX, passaram a
empregar ter com esse sentido em
várias de obras. O exemplo mais conhecido, pela polêmica que causou, foi a
publicação, em 1930, do poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de
Andrade (no livro Alguma poesia), em
que se repete diversas vezes as palavras “No meio do caminho tinha uma pedra” em diferentes ordens.
Foi o suficiente, na época, para os defensores do purismo linguístico babarem
de ódio e bombardearem o poeta com todo tipo de acusação grosseira. Em 1967,
para marcar os quarenta anos da escrita do poema, o próprio Drummond reuniu o
material publicado sobre ele no volume Uma
pedra no meio do caminho – biografia de um poema. O gramático Napoleão
Mendes de Almeida, por exemplo, se recusou, até morrer (em 1988), a dar o
título de poeta a Drummond por causa desse imperdoável “pecado”. Hoje, Carlos
Drummond de Andrade é reconhecido, internacionalmente, como um dos maiores
poetas do século XX, enquanto Napoleão é apenas lembrado, de modo quase
folclórico, como nosso mais extremado purista...
18 de jul. de 2016
Uma pedra no meio do caminho
Assinar:
Postagens
(
Atom
)