Eu esperava o documento requerido. Ao meu lado, alguém murmurava do Governo. Não conseguia entender onde os repasses da União foram investidos no município. Saúde ruim, educação, infraestrutura etc. Falou, também, da sinecura do prefeito, parentes e camarilhas.
Nisso, entra um sabujo. Ele se dirige para uma porta. Nela, um aviso: “Só pode entrar funcionários autorizados”. Com pressa ele entra e, antes de bater a porta, [1]me olha com raiva.
Eu, acostumado com esses olhares de cãomício, observava a cara dele nua, sem graça, sem nada; sentindo-se gente. Continuei a minha espera até que a simpática atendente me fez ir aonde ela estava, me entregou os documentos. Agradeci, dei tchau para ela e saí.
Só que a cara do cãomício ficou armazenada na minha cabeça e sempre era visualizada como num monitor. Pensei:
— Pobres e infelizes são os sabujos rabujo.
[1]Antes que algum puritano jogue em mim a gramática, saiba que estou usando o português brasileiro.
Ótima crônica!
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