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Sobre a esperança

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A esperança pousou sobre mim. Espiei prá cara dela e ela prá minha. Presa no útero estava, sufocada. Depois voou e pariu momentos de alegria.

Malditas picuinhas

Ele estava na praça, concertando uma estante de armazenamento; dessas que se usa nas pequenas lojas para entulhar roupas e livros de forma imprópria. Aproximei-me, cumprimentei-o e pausei por alguns instantes; o necessário para ouvir dele que um suposto amigo havia delatado-o a um político sem mandato, mas com chances de se eleger na próxima eleição. Mesmo com aquela mágoa no peito, falou-me que aquele político o tratara como antes, sem cara amuada; que passou por ele e acenou com a mão, demonstrando na sua falácia satisfação, pois, os gestos do político lhe conferiam algum prestígio, assim pensava ele com um riso sarcástico. Ao retomar a sua mágoa, tratou com desdém o suposto delator, esbravejando adjetivos vulgares a mãe deste, pleno de certeza que ainda tinha “moral” com aquele candidato.   Eu não o fitava por muito tempo porque ele insistia naquele conflito, na condição de vítima, na existência de um suposto delator, pois, desconfiava de quem por ele passava e não lhe saudava. Per

Deus não é religioso

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Muita gente vive com Deus na ponta da língua. Isso não é uma novidade. Apenas uma rotina. Mas vez outra me deparo com essas pessoas e as diferentes formas de elas “entender” a palavra de Deus. E, nesses montículos insipientes de pessoas, noto que Deus está na língua e não no coração. Deus não pode ser confundido com religião. Não se pode externar as doutrinas dessa ou daquela religião e impô-las como únicas e verdadeiras. Todo conhecimento, seja científico ou não, deve ser questionado. O que mais me aborrece são aquelas discussões religiosas bestializadas que para nada servem; e servem: para o aborrecimento e a indiferença.   O que percebo é que Deus tornou-se um hábito na língua e uma prática religiosa. Por isso, me defino um homem sem religião . Um homem sem religião não é um homem sem Deus, como pensam os alienados; porque Deus não é religião . Um homem sem religião não é um homem à toa, como pensam aqueles que são contrariados; porque a Bíblia é o único guia a ser seguid

Prêmio Alina Paim

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A Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe (Secult), em Cooperação Técnica entre a Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe (Segrase) e o Banco do Estado de Sergipe (Banese), apoiada pelo Estado publicou O Edital para Publicação de Obras Literárias nas categorias Poesia, Conto, Crônica, Literatura Infanto-Juvenil e Livros Técnicos Científicos. Escrevi-me na categoria Infanto-Juvenil com o pseudônimo Ronperlim , levando  o Prêmio Alina Paim com a obra Laura . Forma inscritas aproximadamente 40 obras, vindas de autores de diversos pontos do Estado. Uma comissão formada por representantes da Secretaria de Estado da Cultura e da Segrase averiguou se as obras submetidas estavam em conformidade com as normas do edital. Aqueles que estavam totalmente de acordo com as exigências do processo foram encaminhados a uma comissão de seleção formada por profissionais renomados e especialistas com idoneidade e capacidade reconhecidas , que foram nomeados através de Portaria da Secretaria de

Poeira

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A poeira vem vindo, pegando no meu rosto e se tornando um lodo incorrigível. A poeira que cerca os meus pés suados, subindo devagar por meus corações. A poeira que o vento leva nas ruas, junta as folhas… II A poeira na face púbere, mal saída da face. A pele guardando-a para uma noite de suor, no meio da noite, entre papelão. A poeira que esconde o sexo e que o expõe escancaradamente na imprensa. Os pelos pubianos, cheios, macios dela. III O corpo, meu sem jeito, está indo. Este lodo, este barro juntado em milhões de grãos; não está servindo para as cores. O mundo feito do barro. A poeira está no espaço, com o lixo do espaço. Lixo e vírus, germe. Tudo na poeira. IV O barbeador passa; trás em suas lâminas um lama mole, úmida. É o suor. Não, não. É a mesma que vem do Jardim, num dia de sol e vapor d’água. Mas esta nova fase da poeira se revela pouco a pouco e me revela na frente do espelho. Eu pequeno e me vendo, poeira do meu nascimento. V Alguém grita. É um gru

Tucanada raivosa

Os raivosos do PSBD alegam a vantagem de Dilma sobre Serra atribuindo-a aos 12,5 milhões de família cadastradas no Bolsa Família. Eles afirmam que esse programa estimula a preguiça e que é uma forma legal de compra de voto, caracterizando-a como assistencialista. O problema é que a tucanada se esqueceu ou finge ter esquecido que foi o governo do PSDB que implantou os programas sociais (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio gás e Cartão Alimentação) . São tão pueris na questão do Bolsa Família que acham que todos os cadastrados no programa votam exclusivamente em Dilma e somente nela. Não levam em conta que dos 12,5 milhões de famílias há crianças, pré-adolescentes (que não votam) e adolescentes (voto facultativo). Inconformados com a realidade eleitoral, os raivosos tucanos estão engordando os e-mails dos eleitores com informações distorcidas da biografia da presidenciável, contextualizando-a no atual conceito de terrorismo, de assassina de criancinhas (questão do aborto); sendo est

Os dias nunca se repetem

Eu sou nas coisas E me debruço nas linhas tortas das mãos. Eu sou no mais porvir, que é acordar com o mundo, tentando com toda força renascer; pôr  uma película neste planeta para que o rumo incerto que ele tome seja melhor com os sóis. Estou… ah!… ah!… Os olhos pedem sono. Vou dormir, pois, amanhã eu já não sou. Caderno 6, dezembro de 2000.