Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Prosa poética

Outros olhos

Imagem
* Eu vi dentro dos meus olhos outros olhos. Eles estavam lacrimejados. Aqueles olhos tinham neblina e estavam fatigados dos dias. Aquela carne se mostrou frágil perante mim. O meu espírito não se conteve. A minha face transfigurou-se em formas geométricas e vi o quanto a vida é dura para os que vivem nesse mundo a espera de um ouvido. Queria um ouvido, mas as pessoas a sua volta não queriam emprestá-lo. Antes abriam a boca para a peçonha das palavras. E depois caem fora. * Ronaldo Pereira, 051103. PORTO LITERÁRIO, ANO II – N.º 56 – DE 23 OUTUBRO/ 2003.

Beijando a flor

Imagem
Em frente da minha casa há um jardim. Nele, um beija-flor beija as flores todas às tardes. Todos os sábados, em frente da minha casa, uma garota colhe  flores. Houve uma semana que ela, o beija-flor e as flores se encontraram. O beija-flor percebeu que a garota tinha olhos lânguidos. Correu ao encontro dela e a beijou. A garota riu, agradeceu. Disse: você beija todos os dias a sua flor. Eu as colho para o meu amor — os olhos lacrimejaram. E entendeu o beija-flor. E assim, combinaram adornar o jardim.

Sabor de acerola

Imagem
Hoje eu ri. Mas a noite não é minha. Foi dela. Quando a vi, meu corpo se inquietou. Teria tantas coisas para dizer a ela. A voz, no entanto, se embargou.  Sem solução, chupei acerola e procurei nas sementes um sabor para mim. 03.06.99