Outros olhos


*Eu vi dentro dos meus olhos outros olhos. Eles estavam lacrimejados.
Aqueles olhos tinham neblina e estavam fatigados dos dias.
Aquela carne se mostrou frágil perante mim.
O meu espírito não se conteve. A minha face transfigurou-se em formas geométricas e vi o quanto a vida é dura para os que vivem nesse mundo a espera de um ouvido.
Queria um ouvido, mas as pessoas a sua volta não queriam emprestá-lo.
Antes abriam a boca para a peçonha das palavras.
E depois caem fora.




* Ronaldo Pereira, 051103. PORTO LITERÁRIO, ANO II – N.º 56 – DE 23 OUTUBRO/ 2003.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A comida preferida dos orixás

Ver com os olhos livres

Resenha do Livro "Preconceito Linguistico: o que é, como se faz?"