Sophós estava na companhia de alguns conhecidos, mas seus pensamentos estavam dispersos. Cutucado por alguém, não deu importância. Levantou-se, cumprimentou a todos e se foi. Alguns fizeram mal, resmungando entre si.
Em casa, sentou-se na cadeira de balanço. Pensava:
"Não me adapto ao meio. O meio que é meu e que está fora de mim. Eu diferente, indiferente as faces que
me roubam. Roubam os instantes pequenos, deixando-me só. A luz dos meus olhos
percorrem sobre letras flutuantes e o vento alisa as folhas uma nas outras,
numa brilheza. A folha amarela cai dentro de mim, porque ali não é a sua última
fase.
Eu caminho suspenso e
nada encontro. Todas as formas possíveis, todas as falas e palavras estão
contidas e variadas nas cores de mim. Eu caminho, não numa estrada; mas por
dentro de mim e por todas as partes e tropeço em uma interrogação.
Eu não vejo nada dentro
de mim, a não ser eu. Unicamente eu, puro e original. O mundo de
fora que espere, na porta, em silêncio e nos desencontros. Não sou culpado, e a
culpa para mim é tolerar o absurdo.
Amanhã estarei outro
dia e serei cheio de sol. Estarei no sono e estarei com os olhos abertos para
mim".
E permaneceu bastante tempo ouvindo o cricrilar, o coaxar das suas reflexões, do seu jeito de ser naquele momento...
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