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Escrever não é um dom – Conclusão

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  Procurei, com base nas experiências de outros autores e minhas, demonstrar que a escrita literária ou técnica não é um privilégio de poucos ou que tenha uma ligação divina. Para concluir meu ponto de vista, transcreverei experiências próprias: Antes de participar do prêmio literário Alina Paim , pedi a opinião da professora Dilma Marinho de Carvalho. Ela me aconselhou a melhorar os diálogos, os tempos verbais e sugeriu mudanças em várias partes do livro. Pediu que eu fizesse outra revisão. Disse ela: “Acho que você deve fazer outra revisão, pois há coisas q só o autor pode decidir mudar”. Não retruquei. Enquanto seguia seus conselhos, percebi que no miolo do livro havia um capítulo deslocado. O que fiz? Sem dó ou piedade, eu o exclui com veemência. Continuei minha revisão, apagando parágrafos, escrevendo outros, substituindo palavras até o livro ficar pronto para o envio. O resultado foi a primeira colocação na categoria infanto-juvenil do citado prêmio. O meu recente

Gênero literário: o conto

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1 “ Porque cada conto traz um compromisso selado com sua origem: a da estória. E com o modo de se contar a estória: é uma forma breve. E com o modo pelo qual se constrói este seu jeito de ser, economizando meios narrativos, mediante contração de impulsos, condensação de recursos, tensão das fibras do narrar”. (GOTLIB, 2006:82). Escrever sobre o conto não é nada fácil, pois, há quem ache que ele se inicia com os mitos e tornou-se flexível a ponto de ser confundido com outros gêneros literários, como a crônica, por exemplo. Procurarei ser mais claro possível e objetivo, pois, não pretendo me alongar em um assunto que confunde até especialistas. Contar, verbo que indica ação, não se resume ao ator de narrar, nem de descrever; mas inventar. Por isso, não se compromete com o evento real de uma ação porque a ficção é o que importa, o valor artístico e criativo do autor. Para Gotlib (2010:12) “o conto, no entanto, não se refere só ao acontecido. Não tem compromisso com o evento real.

Gêneros Literários

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A palavra “gênero”, no contexto literário, possui um significado amplo e diverso. Os próprios teóricos que o digam, pois, há entre eles controvérsia quan t o a classificação dos gêneros. Mesmo diante dessas controvérsias, eles classificam os gêneros literários em: Lírico (poético), Dramático (teatro) e Épico (narrativo). Para [1] Coelho o conceito de gênero literário se define assim: Gênero (ou forma geradora) é a expressão estética de determinada experiência humana de caráter universal; a vivência lírica (o eu mergulhado em suas próprias emoções), cuja expressão essencial é a poesia; a vivência épica (o eu em relação com o outro, com o mundo social), cuja expressão natural é a prosa, a ficção; e a vivência dramática (o eu entregue ao espetáculo da vida, no qual ele próprio é personagem), cuja expressão básica é o diálogo, a representação, isto é, o teatro. (Coelho, 2000:163) A definição de Coelho e as classificações dos gêneros textuais não serão estendidas aqui,

Diferença entre edital e regulamento literário

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O edital  é o principal instrumento legal que rege o concurso público ou seleção pública, contendo as regras conforme as disposições legais pertinentes. Quaisquer alterações nas regras fixadas no edital somente poderão ser feitas por meio de outro edital. O Edital literário se diferencia do regulamento pelos seguintes motivos: enquanto aquele pertence aos  Atos Gerais do Direito Administrativo , este não está preso as formalidades da lei e pode ser estabelecido por pessoas físicas ou jurídicas. Quando o edital é elaborado, primeiramente é publicado no diário oficial nas instâncias federal, estadual e municipal a que pertence o órgão promotor do certame, seguindo o princípio da publicidade. As primeiras características que o candidato se defronta nele são: a numeração do edital, seguido do ano e do órgão ao qual está vinculado, a impessoalidade, a clareza, a concisão, a formalidade, o uso padrão da linguagem e a uniformidade, pois, trata-se de uma redação oficial.

Editais e regulamentos literários

Desde que tomei conhecimento dos concursos literários que me submeto ao processo de seleção exigido nos editais ou regulamentos. Confesso que no início sentia certa dificuldade de compreender alguns termos, mas tudo se tornou mais fácil com a prática e a pesquisa. Pensando nessa dificuldade inicial, resolvi criar o marcador Guia do Concurseiro Literário. Nele, discorrerei sobre vários aspectos que envolve um regulamento ou edital literário, desde o momento da leitura destes até efetuada a inscrição. Pensei especificamente nos escritores que moram em pequenas cidades e que não tem acesso a oficinas literárias, não participam de cursos literários e que desconhecem muitos aspectos que envolvem esse tipo de certame, pois, enquanto uns são simples, outros complexos para quem inicia nesta vida de concurseiro. Espero que gostem deste guia, deem sugestões, comentem. E para iniciarmos, nada melhor que falar de alguns aspectos desses editais ou regulamentos. Editais e regu

Escrever não é um dom - II

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[1] Ora, a respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. I Cor. 12.1 Retomando a ideia de que a escrita é um “dom”, cito Paulo em Coríntios para diferenciar dom espiritual e dom da escrita. O dom espiritual, como pode ser observado no capítulo 12 daquela epístola, tem um objetivo espiritual e se manifesta de acordo com os propósitos divinos. O apóstolo lista uma quantidade significante deles e a importância que tem para o ensinamento da palavra, escrita por uma inspiração dos céus. O dom da escrita é a vocação para o manuseio da palavra, a exploração dela pelos sentidos, a manifestação de experiências sensíveis. Mesmo que o indivíduo não sinta dificuldade para externar os seus sentimentos, ser criativo, ele necessita das técnicas. É através delas que a matéria bruta é lapidada, transformada em um texto capaz de seduzir, atrair leitores e deles receber opiniões positivas. Se alguém escreve e a sua escrita não prende a atenção do leitor, aquel

A pescaria

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— Artur, vamos tentar hoje de novo? — Para quê? Para gastar o nosso tempo! Você não tá vendo que esse Rio não dá mais nada não? Quando a gente sai, só pega uns tilapes que não dá nem prá um frito! Por onde se pende só se vê mato e areia. Parece que o Rio tá morrendo e ninguém liga. É croa daqui é croa dali. O que foi que a gente pegou ontem, hem? Me diga vá! Três tilapes que não deu cinco quilos. Alberto silenciou por alguns instantes, compreendendo com tristeza as aflições do amigo. Mas insistiu, dizendo: — Amanhã é dia de feira. Eu sei que o que a gente pegou foi muito pouco, mas pode ser que a gente dê sorte hoje à noite. Bora. A gente nunca sabe e amanhã é outro dia! — Vou não perder meu tempo, como ontem. Vá você! — Bom! Tô indo. Se você mudar de ideia, eu tarei na casa de mamãe. Até mais! — Até e boa sorte! Artur permaneceu debruçado sobre o cais e pensava: Por que meu Deus, eu tenho que sofrer tanto assim nessa vida? Fui um bom filho. Sempre cump