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III - A incompreensão

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O meu medo, talvez o maior de todos, é de ser incompreendido. A incompreensão é um dos sentimentos mais injustos que alguém pode sofrer. É uma das formas de oprimir o semelhante. Quando se é incompreendido, a alma se torna frágil, dando aos seres espaço para outros sentimentos. A incompreensão é um modo de não aceitar o outro, as fraquezas do outro, causando deste modo; frustrações, perda, dor. Quem assim age, sempre tende a domar, a impor regras e modelos. Não quer aceitar as pessoas como elas são. Egoísta, a incompreensão é um dos males atuais da humanidade. Ela impede o crescimento pessoal, os sonhos, o sucesso... as relações e trata os homens com indiferença. A incompreensão não tem ouvidos, tem ordem. Não tem palavras, tem ordem. Não tem olhos, é míope. Não tem mãos para tocar, sentir a vida; tem violência. Não tem alma, tem uma solidão seca, desértica, devastadora. A incompreensão isola os homens e destrói o espírito de solidariedade. Cada vez mais os homens se i

II - A compreensão

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  Abraço a compreensão e a quero sem receios. Sei que ela abre a mente e o peito. É uma espada que me faz lutar com mais precisão. Me fortalece, reveste o meu âmago de coisas novas e boas. Me apaixonei por ela desde o dia que os meus olhos  estavam avermelhados de dor. Foi ela quem os abriu. Desde quando bocejava, molhava os cílios, que ela veio gentil e pôs a mão sobre mim. A compreensão me quer até que eu me ache. Não se deve está preso ao dicionário aquele que busca clareza ou explicação para a compreensão. A sua significação é vasta como é a vida. Não é em algumas páginas ou palavras que ela se restringe, limitando-se a conceitos vagos. À busca incessante dela causa dor e angústia porque as primeiras dificuldades aparecem em nós. É preciso vencê-las através do equilíbrio e quando nós estivermos vencidos a nós mesmos, teremos que vencer aqueles que estão lá fora, muitas vezes insensíveis e cruéis até com eles próprios. A falta dela é motivo para a fuga, muitas vezes

O amor morreu?

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Amor surge a cada dia e ele não me comove. O amor de ontem, sem vento, sem dia. Apenas pequeno e sem Grécia não me move. O amor que um dia sonhou por mim, hoje me é estranho e sem nome. O amor que eu não quero entre as minhas pernas, nem nos meus lábios. O amor precisa reviver, pois, está semimorto no meio do caminho. Estive estes dias consultando o Silveira Bueno. No meio de tantas, me deparei diante de uma que se tornou desbotada pelo uso midiático– o amor -. Estava lá, negrito, frio, sem flecha, aljava, Grécia, sem que alguém o despertasse. Parei um pouco nele, nestas paradas de Sofia, abri a página e o olhava como se o mesmo estivesse vivo, me comunicando alguma coisa. Tive a impressão que ele queria saltar da página e, por coincidência, escreveram-no de vermelho no Mini Aurélio. Comparei as cores e percebi a dualidade do espírito: vida ou morte. [1] Entendi que ele quer vida nova, ideia nova. Ele, o amor , quer sair das telenovelas, dos comerciais. Está cansado daqu

Lamentações sem Jeremias

Reclamam deles. Apontam com os dedos das mãos seus defeitos e falhas, mas aceitam o comércio eleitoral como elemento “cultural” da sociedade brasileira. Reclamam das Leis, da violência, do Judiciário (instituição dual), do setor público, mas elegem larápios e gatunos. Reclamam em casa, nos assentos, nas escolas, nas repartições e onde houver aglomerado humano. E estas miseráveis picuinhas se repetem todos os dias, a cada ano, a cada pleito e nada se conserta (Só a decisão do STF que tornou a ficha embranquecida). E continua essa incrível contradição das reclamações e do escambo eleitoral.

Retrato

Vi a minha face dentro do espelho. Mas quando virei o rosto Eu a perdi no esquecimento. Passo por uma rua inclinada e a vejo numa soleira. Dei-lhe um riso contido, mas ela não percebeu. Sigo adiante e percebo meus pés pisarem fundo. A minha face não sabe a hora de parar, nem deseja o asilo. Ela só quer se rever no espelho

A espectadora

            Carregava no corpo o cansaço que se acumulou durante seus setenta e cinco anos. Anos estes nada fáceis: sofreu passivamente com os insultos das raparigas, dos bafos incontáveis de cachaça e com os partos complicados. O corpo, acomodado, não recepcionava as novas tecnologias como muitos da sua idade. Feito uma gata, esparramava-se no sofá, cochilava; depois vai para a cama, fica por lá algum tempo e senta-se numa confortável cadeira. De lá ocupavam os dedos com as bolinhas do terço, mas os olhos estavam voltados para os movimentos da rua. A reza acabou. Os olhos deixaram à rua e os filhos apareceram em sua mente; um por um. Eles eram a sua mais séria preocupação.  Intrigas, fofocas, ciúmes, calúnias. Mesmo assim conviviam indiferentes e hipócritas. Esses fatos a entristeciam a ponto de suplicar no silêncio a morte. Uma lágrima envelhecida umedecia os sulcos da face. Ela pensava: Eu os pari. Cuidei deles com amor, carinho. Fiz de tudo para eles estudarem, arranjar em

Para você

O amor tem uma regra única para aqueles querem vivenciá-lo: O eu do amor não ocupa o espaço de outro eu. Eles se partilham, tornando-se uma só cabeça; Deixando o âmago adornado.