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A pescaria

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— Artur, vamos tentar hoje de novo? — Para quê? Para gastar o nosso tempo! Você não tá vendo que esse Rio não dá mais nada não? Quando a gente sai, só pega uns tilapes que não dá nem prá um frito! Por onde se pende só se vê mato e areia. Parece que o Rio tá morrendo e ninguém liga. É croa daqui é croa dali. O que foi que a gente pegou ontem, hem? Me diga vá! Três tilapes que não deu cinco quilos. Alberto silenciou por alguns instantes, compreendendo com tristeza as aflições do amigo. Mas insistiu, dizendo: — Amanhã é dia de feira. Eu sei que o que a gente pegou foi muito pouco, mas pode ser que a gente dê sorte hoje à noite. Bora. A gente nunca sabe e amanhã é outro dia! — Vou não perder meu tempo, como ontem. Vá você! — Bom! Tô indo. Se você mudar de ideia, eu tarei na casa de mamãe. Até mais! — Até e boa sorte! Artur permaneceu debruçado sobre o cais e pensava: Por que meu Deus, eu tenho que sofrer tanto assim nessa vida? Fui um bom filho. Sempre cump

I Encontro Sergipano de Escritores

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Auditório do Museu da Gente Sergipana Aconteceu no auditório do Museu   da Gente Sergipana o primeiro encontro de escritores sergipanos . No decorrer dele, houve declamação de poemas de escritores sergipanos, foram expostas as dificuldades não em publicar, mas distribuir as obras pelas livrarias do Estado e do Brasil. Foi dado destaque para a importância de editais literários, especificamente os do estado de Sergipe, para que a iniciativa privada e pública deem maior ênfase e importância para a motivação de jovens autores ou não. Houve, também, a presença do palestrante Hermínio Sargentim que nos falou da escrita criativa, de sua importância e da leitura. Para ele, um dos requisitos é “ler, ler, ler”. Escrever, escrever, escreve". Conversando pessoalmente como ele, sempre dizia que o escritor deve perceber e repetia com frequência este verbo, dando a entender que o olhar do escritor deve estar atento aos acontecimentos externos e internos de cada um. Também houve or

Um pouco do tempo

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O tempo de doação e de anjo está se expirando. O tempo de compreensão mais lúcida está se aproximando. O tempo mal aproveitado e disperso está se organizando. O tempo feito de dor e angústia está amadurecendo. É o meu tempo, nada mais que meu tempo.

As lavadeiras

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Eu estava no terreiro brincando com Valente. Vovó apareceu no batente da porta e me chamou. Fui ao encontro dela e ele me acompanhou. Vovó pôs a mão dentro do bolso direito do vestido, tirou um tostão e me pediu para comprar sabão branco e sabão da terra. Eu fiquei curioso para saber qual era a diferença entre um e outro, mas quando retornei da casa de dona Firmina, entreguei os sabões, ganhei o troco; me entreti com Valente, deixando a aquela curiosidade de lado. Mas tarde, alguém apareceu na porta da frente chamando por vovó. Ela acenou para mim e pediu que eu observasse quem era. Depois de ter prestado atenção, de lá mesmo disse que era Marli, a lavadeira. Vovó pediu que ela entrasse, indo pra cozinha. Eu acompanhei ela. As suas mãos eram engiadas e a maioria das unhas tinha caído. Conversaram bastante tempo. Depois foi embora. Cheguei para vovó e perguntei para ela: — Vó, por que as mãos e as unhas de Marli são daquele jeito. Tive pena dela! — Porque ela lava pra ganh

O Eleitoral

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O Eleitoral  é um blog de crônicas políticas, onde o autor publica todos os meses. As crônicas nele publicadas diferem das demais porque não se prende a comentar vários assuntos abordados pela grande mídia, nem o estardalhaço que essa costuma fazer quando surge algum escândalo de corrupção. Es s e blog tem como finalidade demonstrar os vários aspectos do comércio eleitoral das cidadezinhas, as suas manifestações políticas e a maneira como os políticos são vistos pelos eleitores. Essas crônicas tam bém foram publicadas no jornal on line Tribuna da Prai a, onde fui colunista por mais de sete anos. Foi a partir desse sítio e desse blogue que se originou o livro Viu o home?     A publicação destas crônicas será atualizada mensalmente. Espero que vocês participem com comentários e sugestões. Abaixo, segue uma lista de las : Os prefeitos, a folha paralela e os cognatas; Creditados ; Possuídos pela barganha ; Reeducação política ; Os homens de bem e a política ;

O teclado

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Estou diante do monitor. Olho para o teclado e vejo nele um monte de símbolos e me faltam palavras. A impressora espera alguma folha, “doida” para imprimir. Procuro palavras no meio de tantas, e não as acho. Se for buscá-las em dicionário, não servirão para um idílio ou dor. A minha carne   cansou -se de tudo, até de mim. Vozes vibram no ar. Palavras se entrelaçam no abraço da comunicação. Algo pousou em mim. O que é, não sei. O mundo gira em torno deste teclado. O mundo parado, inerte, que não quer morrer. Apenas está num estado de movimento, mexendo nas teclas sem saber para onde ir.   Cadernos, 08 junho 2001

A menina das queimadas

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Sinopse:   As histórias contidas neste livro se passaram numa cidadezinha de Sergipe. Ele nasceu das memórias de Zélia de O. Rocha, recolhidas das conversas, das anotações e pesquisas feitas pelo autor. Ela contava para ele com extrema lucidez coisas que se passaram na sua infância, adolescência e juventude durante as décadas de 30 a 50. De tanto ouvi-la falar desses temas, o autor resolveu recriar literariamente parte dessas memórias. As histórias aqui narradas tratam do sistema precário de educação e de saúde, das brincadeiras, das angústias cotidianas, das paqueras e seus tabus, das crenças e costumes religiosos, da medicina popular e do trabalho infantil que eram impostos na época. Assim, este livro conduz o leitor por esses meandros, suscitando reflexões capazes de transcender o texto na direção de vários contextos atuais. Ronperlim O que dizem os leitores: “História interessante, de fácil compreensão”. Parceiros do livro   “(...) simpát