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Pequeno, mas maior que o mundo

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Eu estava deitado no meu silêncio e uma súbita amiga quebrara-o, assim como eram quebradas as suas lágrimas. Ao vê-la, emudeci, vivi e senti a morte com repugnância e mal-estar.   As lágrimas dela tinham uma nobre explicação: seu filhinho, absolutamente seu; saído de suas entranhas e quentes estava adoentado. A sensibilidade daquela pobre mãe invadiu os meus tímpanos, explodindo sob os caibros o desespero, o desequilíbrio, a necessidade. Com veemência que só as mães possuem nesses momentos, ela se dirigiu a outra mãe e disse:   — Mulé, me empreste dinheiro para eu comprar remédio pró meu filho. Já fui pró SESP e lá não tem não. Procurei o prefeito e ele nem me deu atenção. Se eu não comprar remédio pró meu filho, ele pode morrer. Ele não pode ficar sem esse remédio. Lhe peço pelo amor que você tem a Deus e a seus filhos que me empreste (Os olhos dela eram duas fontes de amor, carinho, cuidado…). — É uma pena mulé, mas não tenho. Se tivesse, taria em suas mãos (Minha mãe se

Voto não é mercadoria

Eu sou do tipo que condeno o comércio eleitoral por entender que só causa malefícios a população e procria falsários, larápios, gatunos. Essa de culpar o povo porque ele vende o seu “poder” é uma ladainha da imprensa, dos incautos e dos politiqueiros cansados com a sua própria prática estúpida que os impedem de cumprir o dever de “representar o povo”. O que ocorreu e ocorre é que o voto perdeu a sua função política, social, ética, moral; tornando-se um bem material, comercializável, pechinchado; o que nos causa vergonha. Para compreender com maior clareza, faz-se necessário voltar nossos olhos para a fonte primária, isto é, os municípios. Tudo tem início nos municípios, por meio de cabos eleitorais e vereadores. Esses profissionais do comércio eleitoral entendem que o voto é matéria-prima negociável, lucrativa, devendo ser repassada para frente no tempo certo e na hora certa. Essa negociação se intensifica nos períodos eleitorais, tornando-se uma mercadoria mais cara. O que na verdade

Não seja parceiro da corrupção

A política, feita corpo a corpo, contraria toda e qualquer compreensão sobre o eleitor, sua opinião sobre o voto e como ele encara a corrupção. A política do corpo a corpo é aquela em que os candidatos deixam as tribunas e gabinetes e se defrontam com os eleitores. Neste confronto, tanto um como o outro, estão dispostos a negociarem. O primeiro sabe que a prática é criminosa, mas se não o fizer não obterá voto e o seu adversário político fará a negociação. O segundo, eivado de vícios, estará disposto a vender, a trocar o voto porque não possui perspectiva de vida, nem de melhorias para o seu município; porque vê os políticos enriquecerem, os corruptos impunes, a Justiça se omitir e a corrupção ser escancarada nos jornais e telejornais de todo o Brasil. Infelizmente, a maioria dos eleitores não vota pela competência do candidato, pela responsabilidade, por mudanças sociais. Parte dessa maioria não busca saber nem sequer a vida pregressa do seu candidato e, a outra parte, dita mais “cult

A minha caixinha de música

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A minha caixinha de música Não entrou para o ouvido. Hoje mesmo ela tocou uma acústica Lá do alto ao meu ouvido. Daí de cima a tua harpa, Em escala musical, me atravessou como uma farpa Com tua canção maternal. Mãe, por que você olha mesmo Pra este filho ingrato, Que faz poemas tão feios Indizíveis, chatos Cheios de rodeios Para o teu seio etéreo e nato?   LIBERATO, Wellington. Et all. Minicoletânea de Escritores Colegienses . Opção 2: RS, 2003.

Sobre a vida

É asfixiada na massa, fixa n`alma. É o vento das antíteses. É a tese do nada. Bendita vida que passa.

Sobre a exclusão

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Se nos teus pés falta chinelo é porque alguém está calçado nele. Se na mesa falta pão é porque alguém o comeu. Se no teu corpo falta roupa é porque alguém está vestido nela. Se não tens lazer é porque alguém ocupa o teu espaço. Se no bolso falta dinheiro é porque alguém o retém para si. Se no teu quarto falta remédio é porque alguém tomou para si. Se te falta alegria, prazer; é porque fostes roubado... Só o que não te falta é a velhice e ninguém quer tomá-la para si.

Céu de caibros

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Estamos sujeitos as ideias. (Não é o da gramática) Olho no teto e vejo telhas (Meu céu), Caibros, ripas, linhas, fios E um vaga-lume que depende de mim para brilhar. Olho o céu. Ideias diferentes, do além. Então, começo a descobrir o mundo que está tão perto de mim. O mundo suspenso, abafado e úmido. Então vamos dormir — Que calor! Amanhã é outro dia!