Dialeto Sergipano


 DIALETO SERGIPANO

Celebrar a emancipação
A independência do nosso Estado,
É também lembrar de seu dialeto
Que por seu povo é cultuado.                           
E assim renovar o espiríto                
De viver a sergipanidade.                                                                                                                      

Aqui tem um tal de "vôte"
Quando alguém fica admirado,
Tem também o "azuado"
Quando tem gente agitado.

Usamos o "de hoje"
Para dizer que algo faz tempo 
Muita gente acha engraçado 
Quando alguém está sem dinheiro 
Falamos: Você está quebrado!

Por aqui o se oriente
É para dizer: preste atenção!
Com sentido de "tome jeito"
Tudo com muita educação.
 
E quando alguém está chateado 
Preste muita atenção!
Dizemos tome cuidado 
Porque alguém "tá barreado",
Ou até mesmo "azoado". 

Quando alguém está exaltado 
Se ouve um "gota serena",
Nossa gente é assim
Faz tudo valer a pena 
E para mandar ir embora
Grita logo sem demora 
“Pegue o beco ou caia fora”.

Em algumas cidades
Trocamos o pão francês por pão Jacó 
E para ficar melhor 
O sabor que eu admiro
Dizemos que é pão de milho. 

Eita Sergipe da “gota serena”
Tudo isso vale a pena,
Em se falando de abundância 
Uma “ruma” de palavras 
Todas elas são usadas 
E acompanham o sergipano
Como diz a expressão 
"Fi do canso Mariano".

Quando nos cumprimentamos
Na rua ou em algum lugar 
Dizemos "bora"
Numa linguagem popular 
E para dizer que algo é ruim 
Nossa linguagem faz assim 
Mas isso não me atrapalha 
Digo logo que “coisa paia"!


Para dizer que é mentira 
Dizemos "isso é um alevo", 
Por isso não mudo meu discurso 
E quando estamos forçados 
Usamos o "apusso".

Menino sem inteligência
Dizendo que vai ficar louco
Por que é chamado de "broco",
E não adianta forçar
A mãe manda para escola 
Mas quando ele quer se ausentar
Fala logo em "gazear".

O dialeto sergipano 
É muito diversificado 
E já está entranhado
Na cultura do seu povo 
Que representa o nosso Estado. 

Esse pouco de palavras 
Junto com as expressões 
Foram usadas para mostrar
O quão rico é o sergipano 
No seu modo de falar!

Um cordel escrito por Cleno dos S. Vieira quando  aluno do Colégio Estadual Cel. João Fernandes de Britto, por ocasião dos 200 anos de emancipação política do Estado.
Adaptado pela profa. Magnólia Nascimento Rocha
08/07/2020
À luz da sociolinguística variacionista, temos em nosso Estado, um banco de dados que guarda os diversos falares sergipanos, sob coordenação da Profa. Dra. Raquel Freitag, do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe - UFS. Para uma pesquisa mais aprofudada, procure por Banco de dados Falares Sergipanos no google acadêmico.

Comentários

  1. Um belo recorte poético do nosso dialeto!! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻✍🏻

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  2. Isso mesmo Ruan. Uma parte do que somos.

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