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Jurupari ou Tupã?

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Jurupari , o senhor do culto mais vasto, comum a todas as tribos, filho e embaixador do Sol, nascido de mulher sem contato masculino, reformador, de rito exigente e de precauções misteriosas, foi depressa identificado como sendo o Diabo. Cinquenta anos de catequese espalharam para Jurupari o renome satânico.   Além das crianças ensinadas das escolas, os catecúmenos, os índios de serviço, a população europeia, acordes em ver no velho deus indiano uma grandeza infernal, a multidão dos mestiços, mamelucos, curibocas, massa plástica, sugestionável e de imaginação ampla, divulgou o novo papel de Jurupari. No século XVII já o Filho do Sol, o Dona dos Instrumentos, o Senhor dos Segredos, evocado ao som dos maracás simbólicos, era, da cabeça aos pés e definitivamente, o Diabo, o Cão, o Belzebu, o Satanás, o Demônio. Achado o inimigo, faltava o aliado. Ao mesmo tempo que o combate se dava aos seguidores de Jurupari surgia um trabalho intenso e admirável para assimilação de um deus amera

Como escreve Ron Perlim

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Entrevista concedida para o site Como Eu Escrevo. 1 de agosto de 2018 by José Nunes Ron Perlim é escritor, especializado em Educação Matemática, colaborador da Revista Obvious .   Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal? Eu me acordo às seis. Tomo suco de um limão com água morna. Depois, vou ler. Feita a leitura, tomo café e em seguida vou trabalhar. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Não precisarei qual é a melhor hora para mim. A escrita em mim pode vir a qualquer hora. É espontânea. Se necessário, paro o que estou fazendo para anotar o que me vem à cabeça. Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária? Quando jovem na escrita, eu escrevia todos os dias. Isso acumulou muita matéria bruta. Então, eu tenho muita matéria bruta para ser trabalhada. Quase todos os dias eu reviso esse material, mas isso não me impede de escreve

Projeto O povo das águas

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A professora Rose Nunes trabalha na Escola Joaquim Gonçalves de Sá, numa comunidade quilombola no povoado Caraíbas, em Canhoba, Sergipe. Durante dois meses, o livro O povo das águas foi incluído no projeto de leitura daquela instituição. A cada semana era lido um capítulo do livro. Após a leitura, havia a produção de textos ou algo concreto. Os alunos ficaram encantados e desse encantamento surgiu o projeto O povo das águas e a vontade de conhecerem a Pedra do Meio , como já foi publicado neste blogue. Os detalhes desse projeto podem ser ouvido neste vídeo da professora Rose e algumas fotos.

As acácias me traíram

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Acácia Rosa Tem dias que a gente precisa de ar fresco e um lugar bacana para ir. Foi num desses que eu larguei tudo e fui à Praça Assis, por ser ampla e ter muitas acácias. Eu adoro as acácias! O perfume delas me trouxe alguém das profundezas. Alguém que eu achava que havia esquecido. Aída pululava os meus pensamentos e eu não queria viver aquele drama que se arrastou em mim por algum tempo. Seria eu uma cobaia nas mãos de Cupido? Não sei dizer. Sei que o perfume das acácias me traiu, trazendo-me lembranças que não queria. Ali, na praça, atordoado, não me livrei de mim. Me debatia, buscava freneticamente algo que me socorresse daquelas lembranças que causavam calafrios.   Eu não queria reviver tudo de novo. Tudo isso foi um engodo da alma porque o olfato me fez pensar o tempo todo em Aída contra a minha vontade. Alojou-se, tomou posse. Nem mesmo as garotas com quem saí, delicadas e suaves, foram suficientes para impedir a fúria com que as lembranças me viam. Cansado da

A maior tragédia do homem moderno

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Paulo Freire Uma das grandes, se não a maior, tragédia do homem moderno, está em que é hoje dominado pela força dos mitos e comandado pela publicidade organizada, ideológica ou não, e por isso vem renunciando cada vez, sem o saber, à sua capacidade de decidir. Vem sendo expulso da órbita das decisões. As tarefas de seu tempo não são captadas pelo homem simples, mas a ele apresentadas por uma “elite” que as interpreta e lhas entrega em forma de receita, de prescrição a ser seguida. E, quando julga que se salva seguindo as prescrições, afoga-se no anonimato nivelador da massificação, sem esperança e sem fé, domesticado e acomodado: já não é sujeito. Rebaixa-se a puro objeto. FREIRE, Paulo . Educação como prática da liberdade , pág. 51. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2000.

Alunos conhecem a Pedra do Meio

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Pedra do Meio no fundo Os alunos da Escola Municipal  Joaquim  Gonçalves de  Sá, localizada no povoado Caraíbas na cidade de Canhoba, Sergipe, leram o livro  O povo das águas . Encantados com a história, eles queriam conhecer a Pedra do Meio, onde era presidido o Conselho do povo do rio. Para isso, eles foram à cidade de Porto Real do Colégio acompanhado da professora Rose Nunes e da diretora escolar Anacler e lá, estiveram com o escritor  Ron Perlim  que os conduziu pela Pça. Rosita de Góes Monteiro até chegarem no Porto da Delegacia para avistarem a Pedra. Desceram até às margens do rio e contemplaram o estado melancólico em que se encontra o nosso amado Chico. O momento foi oportuno para falar mais sobre as personagens do livro e mostrar-lhes a importância da preservação do meio ambiente.  Um dos alunos disse: "Queria ver o Nego d'Água e a Alma Penada". O escritor Ron Perlim respondeu: "Se você tivesse trazido o livro, você e seus coleguinhas viriam o Ne

As bacantes

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Dionísio ou Baco Na região da Mesopotâmia, tivemos as Sáceas, festas inspiradas nas licenciosidades sexuais e na inversão de papéis entre servos e senhores. Na Grécia, foi oficializado, no século VII a.C., o culto a  Dionísio . Deus da transformação e da metamorfose, Dionísio era comemorado no início da primavera, quando sua imagem chegava a Atenas transportada por embarcações com rodas, com mulheres e homens nus em seu interior. Em terra, a procissão era acompanhada por um cortejo de ninfas e saudada em êxtase pela multidão de mascarados. A festa acabava no templo sagrado de Lenaion, onde se consumava a união de Dionísio com os fiéis, gerando abundância e fertilidade. Em 379 a. C., foram as bacanais romanas que marcaram época, data em que o culto a Dionísio chegava a Roma com o nome de Baco.  As bacantes , aos gritos de  [1] Evoi! Evoi!, por ocasião das orgias em homenagem a Evan, alcunha de Baco, cometeram tantos excessos que as Bacanais foram proibidas em 186 a. C. pelo Sena