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Céu de caibros

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O rádio toca. A s pessoas conversam distraidamente. Uma lagartixa tomou para si a parede e se confundiu com ela, hipnotiz ando um mosquito. Lá fora os carros passam com estupidez. É Domingo. A cozinheira está pondo o jantar. Todos se reúnem em torno d a mesa. Valores góticos e contemporâneos se colid e m, seguidos de ofensas. Do lado do pote uma formiga bebe água. O nariz do gato é róseo. E m meio à confusão, ele fica grilado em nós . Sem causa, el a s brigam, irritam-se. As formigas se cumprimentam. A aranha lança sua rede. Pescará o quê? Um mosquito, uma mosca perdida na noite. N ão sei. Sei que a rede posta entre um caibro e uma ripa pesca  os desencontros que saia m de cada língua. Um barulho freia os ânimos. O s olhos diminuíram de raiva. Todos foram à porta. Era uma carreata politica descendo pela avenida. Volta ram. F ica ram soltos na sala. Em seguida, cada qual saiu aos seus hábitos. Mônica foi para a cozinha. Papai foi assistir ao jornal. E u ligu

Quando um rascunho vira literatura

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 Por Simone Magno em Pequena Morte .   Pergunto a uma poeta que acaba de lançar seu segundo livro o quanto ela escreve por mês. “Geralmente um poema. Às vezes, nenhum”, me responde. Fico refletindo sobre a necessidade de cada escritor na hora de colocar no papel o que lhe vem à cabeça. Porque as ideias vêm e vão a todo tempo, basta respirar. Uma frase surge do nada, uma imagem que encadeia toda uma história, uma lembrança que insiste em voltar. Mas não basta separar o joio do trigo; é preciso saber o melhor momento de colocar no papel e perceber quando de fato o que não passa de palavras rabiscadas ao vento se transforma em literatura. Quando isso acontece? Quando os versos se juntam e passam a se denominar um poema? Quando um texto ganha voz e passa a ser uma narrativa literária? Antes do editor, a palavra é do autor, que tem o poder de definir sua matéria prima. Alguns escrevem e não mexem mais – acreditam que se veio assim, está pronto. Outros terminam um romance

A arte de ler

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  Por Braulio Tavares A primeira metade do trabalho do escritor é a leitura. Ninguém é escritor sem ler. É um vestíbulo que todo escritor tem de atravessar. Digo essa obviedade gigantesca porque toda hora estou conversando com pessoas que querem ser escritores mas dizem que “não tem tempo para ler”, ou então folheia nas livrarias coisas escritas por pessoas que, na melhor das hipóteses, leem livros de receitas, guias de viagem e colunas sociais. Ler variadamente. Escrever literatura exige que se leia muita literatura, não somente no sentido de grande quantidade. Romances, crônicas, poesias: se você lê com frequência e prazer todos estes gêneros, são maiores as chances de que consiga escrever bem cada um deles. (...) Revista Língua Portuguesa. Ano 9. Nº 102. Abril de 2014. pp. 32-33.

Como evitar a escrita didática e estereotipada?

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Por Stella Maris Rezende Nenhum texto é inocente e livre de ideologia, mas o escritor precisa privilegiar o trabalho com a palavra, o modo de contar. A literatura pode humanizar as pessoas e fazê-las pensar, questionar, sonhar, imaginar, ter mais criatividade, sentir incômodo, ver que a vida é trágica, ficar mais consciente, não se conformar com a realidade e reinventar o mundo (Grifo meu). Isso não se consegue com textos cheios de estereótipos, lições de moral, didatismo e comportamentos politicamente corretos. É preciso que o texto tenha vozes, lacunas e vazios para o leitor preencher. O leitor é coautor. É ele quem vai terminar a história ou o poema, a partir das tragédias e alegrias da sua vida. Surpreender o leitor, romper suas expectativas, revolucionar um pouco a sua vida, tudo isso é arte literária. As armadilhas moram na linguagem pobre (a simplicidade é uma arte, mas a pobreza não!), no lugar-comum e na intenção clara de agradar, seguindo modismos. REZENDE, St

Pés e pneus

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A brisa. A árvore. Os pardais. Pés e pneus chegam. Esperam de pé e de pneu. Vozes se cruzam. Gargalhadas. Murmúrio. A sirene toca. O portão se abre. As bolsas saem. Crianças são tomadas pelas mãos. Crianças riem. Outras não. Adultos riem. Outros não. A briga. A brisa.

O lado bom de escrever

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Neste vídeo você ouvirá uma variedade de depoimentos de escritoras nacionais, as experiências delas vividas com os leitores, a importância que eles têm e tiveram em suas vidas. Os depoimentos são interessantes. Assista-os!