Na sala

Estava na sala de espera. Pessoas viam, outras iam. Cada uma carregava em si ou na carne a sua história. As faces eram variadas, na variedade de cores que só os males imprimem no corpo. Aquele aspecto macambúzio me fez pensar na existência humana.

O vento seco do ventilado batia na minha face, provocando a minha rinite. Uma música de súplica cristã invadia os meus tímpanos, transformando-me em um filósofo de chinelo de dedo.  Não demorou muito tempo aquele estado de filosofia barroca. Uma criança chorava, um idoso estava no corredor numa maca, um jovem ensanguentado passava desmaiado.

Diante de tantas pessoas que buscavam para si ou para outrem alívio para suas dores, cura para seus males; entendi que o ser humano não passa de uma espécie atrasada e doente. Mas grave que isso era saber que boa parte dela cultiva sentimentos tolos e vis.

Eu ficava na perspectiva de ser atendido, até porque o meu estômago dava os primeiros roncos de fome. 

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