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A pele que habita em mim

O depoimento da professora Diva Guimarães, na Flip, chama a atenção pela emoção alternada enquanto conta parte de sua história e nos diz que aprendeu o significado de racismo, preconceito aos seis anos. Assista, emocione-se, repense suas ideias.

Isso não é um filme americano

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Nesta entrevista, que se encontra no final do livro Isso não é um filme americano , Lourenço Cazarré aborda males da sociedade brasileira que estão bem enraizados e que veio com toda a força nestes últimos dias. Males como a cultura da violência, desemprego, interferência da mídia na vida dos cidadãos e o desejo de vingança. O autor fala um pouco desses temas na entrevista que segue:  A violência, tema do livro, está no centro das discussões sobre o Brasil de hoje. O que você quer dizer com a expressão "cultura da violência"? Numa sociedade em que impera a cultura da violência, as pessoas resolvem seus conflitos aos murros, na facada, à bala. É isso que se vê em muitos filmes norte-americanos. A cultura da violência impera, por exemplo, nos desenhos animados que nossas crianças assistem. Neles, as agressões são ininterruptas e gratuitas; a morte é banalizada, vulgarizada. No Brasil, a violência se expande porque - entre várias outras causas - não temos um bom s

Não sei o que fazer do que vivi

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Clarice Lispector "Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro".  Lispctor, Clarice. Paixão Segundo G.H , Record.

Em que classe de autor você se enquadra?

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Também se pode dizer que há três tipos de autores: em primeiro lugar, aqueles que escrevem sem pensar. Escrevem a partir da memória, de reminiscências, ou diretamente a partir de livros alheios. Essa classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, há os que pensam enquanto escrevem. Eles pensam justamente para escrever. São bastante numerosos. Em terceiro lugar, há os que pensaram antes de se pôr a escrever. Escrevem apenas porque pensaram. São raros. . SCHONPENHAUER, Artur. A Arte de Escrever. Porto Alegre: L&PM, 2009. p. 57

Projeto Arte da Palavra

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Oscar Nakasato e Ron Perlim Estive na Uneal (Universadidade Estadual de Alagoas), em Arapiraca. Participei do projeto Arte da Palavra – Rede Sesc de Leituras, Circuito de Autores com  Oscar Nakasato (PR) e Manto Costa (RJ) para uma roda de conversas. Oscar Nakasato trouxe o tema da imigração japonesa em seu livro Nihonjin , premiado pelo Jabuti de 2012. Manto Costa em seu livro de contos Circo de Pulgas, vencedor do Edital da Biblioteca Nacional, trouxe a questão do negro na literatura e a sua invisibilidade. No decorrer da palestra muitas indagações foram feitas, os temas se entrelaçaram por alguns instantes, predominando o papel do negro na sociedade, as várias formas de preconceitos os quais estão submetidos. Manto Costa e Ron Perlim A cultura japonesa, representada por Nakasato ficou de lado, não por preconceito; mas pela intensidade e a presença do debate que a questão afrodescendente suscitou.

Nunca deixer de ler

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Gabriel Perissé  e a cura da Literatura para tudo. Uma belíssima reflexão que você poderá assiste no vídeo que segue. Arrume um tempinho para ele. Aprender, como se diz, nunca é tarde.

Como é feito um livro

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Mirna Pinsky , neste vídeo, faz a seguinte pergunta: onde começa um livro?  Para saber qual é a resposta que ela tem para nos dar, assista ao vídeo. Você terá uma clareza maior de como se produz um livro nos nossos tempos e como eles surgiram. A narração de Mirna não é qualquer uma, pois, as ilustrações nela inseridas enriquecem e dar vida a história desse amigo inseparável de muitos, mas que deveriam ser de todos.

Descortinado Luar

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Jane Guimarães Exuberante luar de mistérios, encanto prateado, rainha da noite. Senhora dos sonhos descortinados germina poesia. Lua desnuda reflete a beleza, fulgurante brilho celestial incandescente. Ressoam eternos murmúrios dos amantes. Vale teu sono a noite inteira e retorno de um amanhecer.

O autor fala de sua obra: A menina das queimadas

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Como nasceu A menina das queimadas ?  O livro A menina das queimadas nasceu das memórias de dona Zélia, minha sogra, recolhidas das muitas conversas que tive com ela. Apesar dos 80 anos, ela contava com extrema lucidez coisas da sua infância, adolescência e juventude. De tanto ouvir ela falar das coisas que marcaram a sua vida, resolvi recriar parte de suas memórias literariamente para elas sejam úteis para aqueles que abrem a cabeça e o coração. As histórias contadas no livro A menina das queimadas se passavam durante os anos 30 a 50. A época é distinta dos dias atuais, mas as histórias servem de reflexão para aqueles que queiram pousar nelas. Do que falam essas histórias?  As histórias falam do sistema precário de educação, de brincadeiras, sofrimento, do amor, desgraça, crenças, costumes, trabalho infantil e as dificuldades, os tabus que eram impostos na época. Elas não têm somente valor pessoal, mas sociológico e antropológico por se tratar de um retalho do paí

A traíra grande

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Antônio FJ Saracura Era dia de pescaria na lagoa Saracura, da Terra Vermelha. As águas, finalmente, abaixaram, depois de três invernos fortes, chegando ao nível certo para uma pescaria de mão. A Saracura tinha suas águas cobertas de junco e por uma floresta de pés de cortiça. Qualquer pescaria dava muito trabalho, pois demandava a limpeza de trechos, sob pena de ninguém encontrar peixe nenhum, escondido nas raízes, troncos e ramagens, na água lamacenta. Mas numa situação como essa, de longa espera, com a perspectiva de muito peixe, sempre havia gente disposta a fazer a limpeza. Se bem que, nas pescarias, apenas a família tinha acesso à lagoa. Se fosse aberta, apareceria até gente das Candeias, da Onça e do Gado Bravo, povoados que nem eram mais de Itabaiana. Os filhos do diabo ruivo, tio Ulisses, e de tia Iaiazinha, que morrera de parto há bem pouco tempo, ficaram a manhã inteira dentro da água, arrancando trechos de junco, matas de cortiça, preparando as cacimbas para a pes

Sistema de cumplicidade

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Desde jovem, ouço críticas ácidas sobre os políticos. Essas críticas, com o passar dos anos, suscitou sentimentos de aversão e até ódio sobre aqueles que praticavam e viviam na política. Elas viam de cima para baixo e como a maioria dos brasileiros, estava cansado, revoltado e com sede de justiça. Eu fui um jovem que sempre busquei compreender as coisas e Sofia me ajudou bastante nisso. Então, me debrucei sobre os livros. Queria respostas para as minhas dúvidas, os meus sentimentos; mas eles não me satisfizeram. Era preciso participar da política para saber como ela funcionava. E compreender, principalmente, por que políticos com vida pregressa maculada se perpetuam no poder Nessa busca, compreendi que o nosso sistema político é um sistema de cumplicidade. É cúmplice o eleitor quando mercadeja o voto. É cúmplice o político quando aceita essa condição ou a impõe. O voto, nesse sistema, não cumpre sua função social, não elege políticos. Não passa de uma simples mercadoria. Nele,

O curioso abaporu

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Essa estranha figura é o Abaporu , o mais importante quadro já produzido no Brasil. Tarsila do Amaral pintou-o como presente de aniversário a Oswald de Andrade , seu marido na época. Quando ele viu a tela, assustou-se e chamou o amigo Raul Bopp para tentar decifrá-la. Intrigados, concordaram em que representava algo excepcional. Tarsila, apelando para os rudimentos de tupi-guarani que conhecia, batizou-a de abaporu - aba,  "homem", "índio"; poru , "homem comedor de carne humana", "antropófago", "canibal". O quadro inspirou a criativa cabeça de Oswald. levando-o a escrever seu " Manifesto Antropofágico ", berço de um movimento que, segundo ele, "deglutiria" a cultura europeia, transformando-a em algo bem brasileiro. Embora radical, a nova corrente teve sua importância pelo que representava em termos de exacerbado nacionalismo. A tela é, até hoje, a mais cara já vendida no Brasil (US$ 1,5 milhão), e foi comp

O autor fala de sua obra: Laura

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Como nasceu Laura ? Eu irei contar para você. Eu sempre fui apegado a minha mãe e dela gostava de ouvir as muitas estórias que tinha para me dizer. Certo dia, ouvindo uma das muitas estórias, me veio na cabeça a ideia de reuni-las e contá-las através da personagem Laura (Baseada em minha mãe). Isso aconteceu porque eu percebi que as estórias de Lobisomem, Fogo Corredor, Mula-sem-cabeça e outras sempre eram apresentadas de forma individual, sem uma contextualização que fizesse o leitor compreender porque essas histórias existiam e se haviam algum sentido para elas. Por isso, procurei escrever de forma não cronológica; mas na infância dela. Laura é a personificação dessas pessoas que gostam de contar “causos”, especificamente os nordestinos; onde ela se identifica. Ao ler Laura, você perceberá muita coisa. Por exemplo, como ela é uma idosa que se cuida, que conta com maestria as estórias que ouviu de seus familiares, parentes e amigos, que a fala nos conduz a imersão do tempo

O escritor na livraria

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O Escritor na Livraria é organizado por Saracura na última semana de cada mês na livraria Escariz em Aracaju. Nesses encontros, os escritores expõe seus livros, trocam ideias, declamam. O bom de tudo isso não é só a perspectiva para vender, mas de conhecer gente nova, dialogar, trocar experiências. Dessa forma, a Literatura Sergipana anda nessa imensidão de títulos. Saracura, Isabel Melo, Ron Perlim... Jane Guimarães declamando Marta Hora Ron Perlim, Jane Guimarães, Marta Hora...

Ver com os olhos livres

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Em 1924 o inquietante Oswald de Andrade cravou no peito de parte da vampiresca elite intelectual e econômica brasileira - habituada a apenas sugar o sangue literário advindo da Europa e, depois, homorragicamente, expelir pedantes perdigotos - uma estaca certeira: o Manifesto da poesia pau-Brasil. Nesse inteligente panfleto bradou: "Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres". Ver com olhos livres! No original do manifesto está em itálico, é a única frase destacada assim pelo próprio autor. É uma invocação, um grito, uma palavra de ordem. A defesa intransigente da possibilidade de olhar não reprimido, não constrangido pelo óbvio, um olhar que consiga transbordar e derramar-se para fora do o limita. CORTELLA, Mario Sergio. Não se desespere!: provocações filosóficas. 7 ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. pp.71-72

Lendo que se aprende

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O pequeno Santos Dumont adorava os livros de Júlio Verne . Era um romancista fabuloso. Como tinha imaginação! Júlio Verne contava histórias fantásticas. Para o mundo daquele tempo eram mais assombrosas ainda que as aventuras de Batman e Robin. Façam só uma idéia: os livros de Júlio Verne narravam viagens no fundo do mar e viagens pelo espaço sem fim. As pessoas mais velhas, que também gostavam de ler Júlio Verne, achavam aquelas idéias absurdas e impraticáveis. O menino Santos Dumont não acreditava em coisas impraticáveis. BARBOSA, Francisco de Assis. Santos Dumont inventor . Rio de Janeiro: J. Olympio, Brasília, INL, 1974.

V Encontro de Escritores Sergipanos

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O V Encontro de Escritores Sergipanos aconteceu no dia 11 de novembro de 2016, no Museu da Gente Sergipana, em Aracaju - Sergipe. Como vocês podem observar nas fotos, eu estive por lá. Revi alguns amigos, conheci outros e mais outros. Participar desses encontros é enriquecedor porque há gente de muitos lugares e cada uma delas tem algo para nos dizer. Ronperlim e Saracura Telma Costa e Marcléa Ronperlim, Marcléa e Antenor Aguiar Marcléa, Saracura, Ronperlim e Silvanira Marques

O que é preciso para ser um bom poeta?

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HenriquetaLisboa Vou resumir o que disse no capítulo “Formação do Poeta”, inserido em Vigília Poética : O poeta nasce com uma especial intuição; alimenta-se de sensibilidade; caminha pela imaginação; domina o sentimento; aperfeiçoa-se com o artesanato; joga com a inteligência; enriquece com a cultura; e atinge a maturidade através de uma peculiar concepção de vida. Assim, é de supor-se que, na formação do poeta, possuidor de graça intuitiva, se equilibram sensibilidade, imaginação e sentimento, a influxos de artesanato (consciência técnica profissional), inteligência, cultura e personalidade. STEEN, Edla Van. Viver e escrever: volume 3 . 2 ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008. p.195.

O escritor e a sua participação política e social de seu país

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Osman Lins Você acredita que o escritor deve participar da realidade política e social de seu país? E essa participação não criaria uma espécie de conflito para o escritor de ficção?  Na Idade Média, a arte estava estreitamente ligada a religião, porque a vida era essencialmente religiosa. Hoje vivemos uma época essencialmente política. Sempre digo que até o gesto de se colocar um selo num envelope é um gesto político. Logo, a arte, seja qual for, não pode se distanciar desse universo. Tem que estar impregnada dele e de suas preocupações. Para escrever, o escritor reflete sobre a realidade do mundo onde vive. Refletindo é compelido a lutar de algum modo. Creio que o conflito se estabelece quando esse modo deixa de ser uma escolha para se tornar uma ordem. STEEN, Edla Van. Viver e escrever: volume 3 . 2 ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008. p.158.

Uma banda escrava

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José Lins do Rego — O major Ursulino de Goiana fizera a casa de purgar no alto, para ver os negros subindo a ladeira com a caçamba de mel quente na cabeça. Tombavam cana com a corrente tinindo nos pés. Uma vez um negro dos Picos chegou na casa-grande do major, todo de bota e de gravata. Vinha conversar com o senhor de engenho. Subiu as escadas do sobrado oferecendo cigarros. Estava ali para prevenir das destruições que o gado do engenho fizera na cana dos Picos. Ele era o feitor de lá. O seu senhor pedira para levar este recado. O major calou-se, afrontado. Mandou comprar o negro no outro engenho. Mas o negro só tinha uma banda escrava. Pertencendo a duas pessoas numa partilha, um dos herdeiros libertara a sua parte. Então o major comprou a metade do escravo. E trouxe o atrevido para a sua bagaceira. E mandou chicoteá-lo no carro, a cipó de couro cru, somente do lado que lhe pertencia.  REGO, José Lins. Menino de Engenho . Rio de Janeiro: J. Olympio, 2003 – Literatu