14 de fev. de 2016

A de sessenta

Eram duas senhoras. Uma aparentava sessenta; a outro, oitenta e cinco. Elas estavam a caminho do sanitário. Uma tinha pressa, a outra caminhava devagar. Pelos trajes, eram de posses.

Ao se aproximarem do sanitário, a de sessenta olhou para a outra raivosa e lhe disse: “Vou jogar você no lixo, certo!”, adiantando os passos. Nesse instante, uma bela jovem passava. Ao ouvir aquilo, voltou-se para a de sessenta e retrucou, sorridente: “Mulher, não faça isso não!”. A de sessenta respondeu: “Quer ela pra você?”.

A jovem, sem pestanejar, replicou-lhe: “Quero!”.

Pega de surpresa, a de sessenta observava raivosa para a jovem.
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3 de dez. de 2015

Livro Viu o home? na Câmara de Vereadores de P. R. do Colégio - AL

O vereador Joselito, ao ler o livro Viu o home? percebeu a sua importância política e cultural. Por isso, convidou o escritor Ronaldo Pereira de Lima (Ronperlim) para ir à Sessão Extraordinária da Câmara de Vereadores de Porto Real do Colégio no dia 02.12.2015 para dialogar com seus pares sobre esse livro. Na ocasião, o escritor Ronaldo expôs a sua trajetória literária e em seguida falou sobre o livro e do que ele trata. Transcrevo trecho de sua fala na tribuna daquela casa para que o leitor possa compreender: 
 
"Ele trata com clareza da política prática dos municípios em contextos que se completam nas mais variadas situações. O autor define essa prática de comércio eleitoral de base, caracterizado pela troca de voto por bens tangíveis (espécie de escambo), intangíveis (favores) e pela compra de voto (quando o eleitor prefere em espécie)".  
 
E concluiu seu discurso dizendo o seguinte: “O livro não aponta culpados, nem inocentes. Apenas cúmplices de um sistema eivado de vícios. Um sistema que precisa ser reorganizado, repensado desde a pré-escola até as universidades. Se assim não for, sempre teremos por aí espécimes como cunhas, delcídios, arrudas, azeredos, paulinhos sem força e tantos outros”.

Plenário da Câmara
Ronaldo lê seu discurso
Vereador Joselito fala da importância do livro Viu o home?
Vereador Lobão reafirma as palavras do vereador Joselito
Vereador Alan lê trecho do livro e faz uma explanação sobre o mesmo
Vereador Ronaldo parabenizar o escritor
Vereador Antônio Santos fala da importância política e cultural do livro
Joselito, o autor e Alan


 
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30 de nov. de 2015

VII Bienal do Livro de Alagoas: tive por lá


Estande da Secult
Ronaldo, Dilma e Marcléa
Ronaldo e Jussara
Autor acompanhado de sua esposa
Autor e leitora
Ronaldo no estande da Secult
Querindina e Macambira
Ronaldo e Saracura
Emanuel, Ronaldo e Cida

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16 de nov. de 2015

Carta para Marili

 Este texto de Graciliano não poderia ficar fora do marcador Jovem Autor, deste blog. Por isso, eu reproduzo aqui:


Carta de Graciliano Ramos para a irmã Marili: duro e valioso conselho a quem escrever.
Written by fluxoeditora


Rio, 23 de novembro de 1949.

Marili: mando-lhe alguns números do jornal que publicou o seu conto. Retardei a publicação: andei muito ocupado estive alguns dias de cama, a cabeça rebentada, sem poder ler. Quando me levantei, pedi a Ricardo que datilografasse a Mariana e dei-a ao Álvaro Lins. Não quis metê-la numa revista: essas revistinhas vagabundas inutilizam um principiante. Mariana saiu num suplemento que a recomenda. Veja a companhia. Há uns cretinos, mas há sujeitos importantes. Adiante. Aqui em casa gostaram muito do conto, foram excessivos. Não vou tão longe. Achei-o apresentável, mas, em vez de elogiá-lo, acho melhor exibir os defeitos dele. Julgo que você entrou num mau caminho. Expôs uma criatura simples, que lava roupa e faz renda, com as complicações interiores de menina habituada aos romances e ao colégio. As caboclas da nossa terra são meio selvagens, quase inteiramente selvagens. Como pode você adivinhar o que se passa na alma delas? Você não bate bilros nem lava roupas. Só conseguimos deitar no papel os nossos sentimentos, a nossa vida. Arte é sangue, é carne. Além disso não há nada. As nossas personagens são pedaços de nós mesmos, só podemos expor o que somos. E você não é Mariana, não é da classe dela. Fique na sua classe, apresente-se como é, nua, sem ocultar nada. Arte é isso. A técnica é necessária, é claro. Mas se lhe faltar técnica, seja ao menos sincera. Diga o que é, mostre o que é. Você tem experiência e está na idade de começar. A literatura é uma horrível profissão, em que só podemos principiar tarde; indispensável muita observação. Precocidade em literatura é impossível: isto não é música, não temos gênios de dez anos. Você teve um colégio, trabalhou, observou, deve ter se amolado em excesso. Por que não se fixa aí, não tenta um livro sério, onde ponha as suas ilusões e os seus desenganos? Em Mariana você mostrou umas coisinhas suas. Mas – repito – você não é Mariana. E – com o perdão da palavra – essas mijadas curtas não adiantam. Revele-se toda. A sua personagem deve ser você mesma. Adeus, querida Marili. Muitos abraços para você.
Graciliano.
Você com certeza acha difícil ler isso. Estou escrevendo sentado num banco, no fundo da livraria, muita gente em redor me chateando.


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