2 de fev. de 2025

O uso de celular é aliado ou inimigo na aprendizagem da leitura?


As escolas da educação básica, públicas e particulares, iniciam o ano letivo com uma 
característica nunca vista neste século, a proibição de celular.

Em um contexto em que a tecnologia é onipresente (parece um Deus), o celular tornou-se 

uma ferramenta indispensável para o dia a dia, isso é um fato. No entanto, seu uso 

excessivo pode trazer consequências negativas para a aprendizagem, principalmente a 

leitura. A seguir destaco alguns pontos que corroboram para este posicionamento. 

De início, destaco que o celular pode ser um inimigo na aprendizagem da leitura, 

pois ele pode prejudicar a concentração. Os estímulos visuais e auditivos do celular 

podem ser muito distrativos, dificultando o foco na leitura. Isso ocorre porque o celular 

está constantemente enviando notificações, alertas e outras informações que podem atrair 

a atenção do usuário. 


Além disso, o celular oferece uma variedade de atividades que podem ser mais 

atraentes do que a leitura, como jogos, redes sociais e vídeos. Essas atividades são 

geralmente mais visuais e interativas, o que pode ser mais estimulante para o cérebro do 

que a leitura. Os jogos, por exemplo, oferecem recompensas imediatas e desafios que 

podem ser muito envolventes. Mas estudos comprovam que manter práticas diárias 

inadequadas no uso de celular, por exemplo, provocam consequências oculares, levando 

o surgimento da miopia, estrabismo e a famosa enxaqueca. A verdade é que, muitas vezes, 

essas consequências ocorrem devido ao esforço necessário para enxergar mais de perto. 

Quer testar? 


Quando os alunos estão expostos a essas atividades de forma constante, eles 

podem se tornar menos motivados a ler (já não leem com os livros). Isso ocorre porque a 

leitura exige mais esforço mental e concentração do que outras atividades. No Ensino Médio, 

por exemplo, é fácil identificar a dispersão dos estudantes, basta que o docente dê as 

costas para a turma (há casos de ser na frente deste), se ao menos fosse utilizado para uma 

atividade pedagógica, seria minimamente compreensível o seu uso. Isso posto, como seria 

uma aula de alfabetização com o dispositivo em questão? Teria um professor/tutor para 

cada criança? Duvido. 


Outrossim, a leitura pode ser menos gratificante para os alunos que estão 

acostumados a atividades mais estimulantes. Isso pode levar a uma diminuição do 

interesse pela leitura e, consequentemente, a um declínio na capacidade de leitura e 

compreensão.


Portanto, é importante que os pais e professores estejam atentos ao uso de celular 

por crianças (e adolescentes). É importante que eles incentivem a leitura de livros e outros 

textos, que limitem o uso de celular para atividades de lazer. Se possível, monitorar ao 

máximo o dispositivo, recomendo a disponibilização de E-books (livros eletrônicos) para 

os já alfabetizados, como, por exemplo, contos literários, e com a devida orientação. Fora 

isso, ainda estamos muito distantes de uma tecnologia que acabe com esse problema.


Este texto foi escrito antes da aprovação pelo Congresso Nacional da Lei n.º 15.100, de 13 de janeiro de 2025, sancionada por sua excelência, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O texto ora publicado foi resultado de discussões na turma 01 da disciplina Fundamentos para o Ensino de Alfabetização, ministrada pela Prof.ᵃ Dr.ᵃ Raquel Meister Ko. Freitag, no Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe-UFS. A leitura servirá como apoio para possíveis propostas do uso consciente e pedagógico em sala de aula, defendendo a exclusão de uso para toda a primeira etapa do ensino fundamental. 


A integra da lei pode ser acessada neste link: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2025/lei-15100-13-janeiro-2025-796892-publicacaooriginal-174094-pl.html 


O Ministério da Educação lançou guias que podem ajudar neste processo: https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/2025/janeiro/mec-lanca-guias-para-orientar-o-uso-de-celulares-na-escola 


Cleno Vieira é graduando do curso de licenciatura em Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe. Recebeu em fevereiro de 2024 o título de Cidadania Propriaense, do projeto de Decreto Legislativo nº 07 de 2021. Membro do Centro de Cultura de Propriá - CCP, acadêmico eleito para a cadeira nº 20 da APLCAD, cuja patrona é a Maestrina Odette Silva.


http://lattes.cnpq.br/9744912843751509 


Um comentário :

  1. Discussão necessária, na atualidade. Parabéns pelo texto muito bem construído, Cleno!

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