Foi só um olhar

Tudo se iniciou no Bar da Galega. Cátia e Frederico escutavam sertanejo por lá. Riam, beijavam-se e bebiam. Sandro entrou, observou as pessoas, cumprimentou alguns conhecidos e olhou de soslaio para ela. Frederico não gostou do modo como eles se olharam. Amarrou a cara na mesa e bebia com ímpeto.

Passados alguns minutos, ele chamou Cátia de safada, vagabunda e deu um tapa na face dela. Sandro, sem saber os motivos, foi desapartar a briga. Raivoso, Frederico o empurrou, acusando-o de flertar com a mulher dele. Sandro perguntou se ele estava louco, discutiram e os fregueses do bar desapartaram eles. Nisso, Cátia saiu em lágrimas. Inconformado, Frederico foi atrás dela, dizendo:

— Prá onde você vai, sua cachorra. Quando chegar em casa, você me paga. Vagabunda. Só vive dando ousadia a todo mundo que ver pela frente. De hoje não passa. Você me paga.

Ele conseguiu alcançá-la. Pegou-a pelos cabelos, deu-lhe umas bofetadas e saiu rua a cima. Tinha gente que fingia não ver, outras se revoltavam; mas não faziam nada.

Ao chegarem em casa, ele não a poupou. Deu-lhe socos e pontapés, deixando-a indefesa no chão. Possuído pela cólera, foi a cozinha, pegou o facão e desferiu vários golpes sobre ela, dizendo:
— Já faz um tempo que eu vinha olhando para seus pés. Quer me fazer de besta? Você agora vai me trair no inferno, sua vadia.

Morta a vítima, precisava esconder o cadáver. Foi ao quintal, fez uma cova rasa e jogou o corpo nela. Feito isso, tomou banho, mudou de roupa, pegou dinheiro que costumava guardar para esse fim e pensou: “Não vou ser pego por assassinar aquela cachorra”. Quando pôs os pés fora do batente, deu-se de cara com a polícia de arma em punho pedindo para ele não reagir.




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