Postagens

Sistema de cumplicidade

Imagem
Desde jovem, ouço críticas ácidas sobre os políticos. Essas críticas, com o passar dos anos, suscitou sentimentos de aversão e até ódio sobre aqueles que praticavam e viviam na política. Elas viam de cima para baixo e como a maioria dos brasileiros, estava cansado, revoltado e com sede de justiça. Eu fui um jovem que sempre busquei compreender as coisas e Sofia me ajudou bastante nisso. Então, me debrucei sobre os livros. Queria respostas para as minhas dúvidas, os meus sentimentos; mas eles não me satisfizeram. Era preciso participar da política para saber como ela funcionava. E compreender, principalmente, por que políticos com vida pregressa maculada se perpetuam no poder Nessa busca, compreendi que o nosso sistema político é um sistema de cumplicidade. É cúmplice o eleitor quando mercadeja o voto. É cúmplice o político quando aceita essa condição ou a impõe. O voto, nesse sistema, não cumpre sua função social, não elege políticos. Não passa de uma simples mercadoria. Nele,

O curioso abaporu

Imagem
Essa estranha figura é o Abaporu , o mais importante quadro já produzido no Brasil. Tarsila do Amaral pintou-o como presente de aniversário a Oswald de Andrade , seu marido na época. Quando ele viu a tela, assustou-se e chamou o amigo Raul Bopp para tentar decifrá-la. Intrigados, concordaram em que representava algo excepcional. Tarsila, apelando para os rudimentos de tupi-guarani que conhecia, batizou-a de abaporu - aba,  "homem", "índio"; poru , "homem comedor de carne humana", "antropófago", "canibal". O quadro inspirou a criativa cabeça de Oswald. levando-o a escrever seu " Manifesto Antropofágico ", berço de um movimento que, segundo ele, "deglutiria" a cultura europeia, transformando-a em algo bem brasileiro. Embora radical, a nova corrente teve sua importância pelo que representava em termos de exacerbado nacionalismo. A tela é, até hoje, a mais cara já vendida no Brasil (US$ 1,5 milhão), e foi comp

O autor fala de sua obra: Laura

Imagem
Como nasceu Laura ? Eu irei contar para você. Eu sempre fui apegado a minha mãe e dela gostava de ouvir as muitas estórias que tinha para me dizer. Certo dia, ouvindo uma das muitas estórias, me veio na cabeça a ideia de reuni-las e contá-las através da personagem Laura (Baseada em minha mãe). Isso aconteceu porque eu percebi que as estórias de Lobisomem, Fogo Corredor, Mula-sem-cabeça e outras sempre eram apresentadas de forma individual, sem uma contextualização que fizesse o leitor compreender porque essas histórias existiam e se haviam algum sentido para elas. Por isso, procurei escrever de forma não cronológica; mas na infância dela. Laura é a personificação dessas pessoas que gostam de contar “causos”, especificamente os nordestinos; onde ela se identifica. Ao ler Laura, você perceberá muita coisa. Por exemplo, como ela é uma idosa que se cuida, que conta com maestria as estórias que ouviu de seus familiares, parentes e amigos, que a fala nos conduz a imersão do tempo

O escritor na livraria

Imagem
O Escritor na Livraria é organizado por Saracura na última semana de cada mês na livraria Escariz em Aracaju. Nesses encontros, os escritores expõe seus livros, trocam ideias, declamam. O bom de tudo isso não é só a perspectiva para vender, mas de conhecer gente nova, dialogar, trocar experiências. Dessa forma, a Literatura Sergipana anda nessa imensidão de títulos. Saracura, Isabel Melo, Ron Perlim... Jane Guimarães declamando Marta Hora Ron Perlim, Jane Guimarães, Marta Hora...

Ver com os olhos livres

Imagem
Em 1924 o inquietante Oswald de Andrade cravou no peito de parte da vampiresca elite intelectual e econômica brasileira - habituada a apenas sugar o sangue literário advindo da Europa e, depois, homorragicamente, expelir pedantes perdigotos - uma estaca certeira: o Manifesto da poesia pau-Brasil. Nesse inteligente panfleto bradou: "Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres". Ver com olhos livres! No original do manifesto está em itálico, é a única frase destacada assim pelo próprio autor. É uma invocação, um grito, uma palavra de ordem. A defesa intransigente da possibilidade de olhar não reprimido, não constrangido pelo óbvio, um olhar que consiga transbordar e derramar-se para fora do o limita. CORTELLA, Mario Sergio. Não se desespere!: provocações filosóficas. 7 ed. - Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. pp.71-72

Lendo que se aprende

Imagem
O pequeno Santos Dumont adorava os livros de Júlio Verne . Era um romancista fabuloso. Como tinha imaginação! Júlio Verne contava histórias fantásticas. Para o mundo daquele tempo eram mais assombrosas ainda que as aventuras de Batman e Robin. Façam só uma idéia: os livros de Júlio Verne narravam viagens no fundo do mar e viagens pelo espaço sem fim. As pessoas mais velhas, que também gostavam de ler Júlio Verne, achavam aquelas idéias absurdas e impraticáveis. O menino Santos Dumont não acreditava em coisas impraticáveis. BARBOSA, Francisco de Assis. Santos Dumont inventor . Rio de Janeiro: J. Olympio, Brasília, INL, 1974.