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De pais e professores todas as crianças estão cheias

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Orígenes Lessa Você tem alguma receita de escrever para jovens? Acredita que um autor precisa ser dotado de um talento específico para produzir bons textos infanto-juvenis? Acredito que sim, mas não sei qual será. Tenho impressão de que a primeira coisa deve ser o cara tirar a máscara professoral e paternalista. De pais e professores todas as crianças estão cheias, por mais que amem uns e outros. Sobretudo, não deve bancar “o mais velho”, sabedor e ensinador de coisas. Dos mais velhos geralmente os mais novos andam cheios também. Os mais velhos, mesmo ainda jovens, sempre se deram o luxo de desprezar as gerações que os precederam. Bobagem, é claro. Todos se esquecem de que infância e mocidade são acidentes passageiros, que o tempo rapidamente apaga. E que a vantagem não está em ser jovem (fenômeno comum a 80% da população mundial), mas em sobreviver e, consequentemente, envelhecer. (Você já viu que eu procuro puxar a sardinha para o meu lado...) Mas por essa fase e esse p

O poeta é relações íntimas

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Mário Quintana Você se lembra de como ou quando descobriu que podia ou queria fazer versos?   Ser poeta não é uma maneira de escrever. É maneira de ser. O leitor de poesia é também um poeta. Para mim o poeta não é essa espécie saltitante que chamam de Relações Públicas. O poeta é Relações íntimas . Dele com o leitor. E não é o leitor que descobre o poeta, mas o poeta é que descobre o leitor, que o revela a si mesmo. STEEN, Edla Van. Viver & Escrever: volume 1 - 2 ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.

Revista Obvious

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A Obvious é uma revista eletrônica que publica artigos, resenhas, crônicas e contos escritos em língua portuguesa nas categorias de arte, cinema, literatura, fotografia, músicas... Abrange os países como Brasil, Portugal, Angola, Moçambique e outros. Sua página no Facebook tem mais de um milhão de curtidas. Os textos estão bem-dispostos na página, facilitando a navegação. A parti de hoje (19/08/2016) farei parte do maior projeto colaborativo de língua portuguesa na internet. Meu espaço na Obvious pode ser acessado através deste link: http://obviousmag.org/ronperlim . Para conhece-lo, acesse o texto Sem hora para chegar .

Uma pedra no meio do caminho

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Muitos dos nossos melhores escritores, desde o início do século XX, passaram a empregar ter com esse sentido em várias de obras. O exemplo mais conhecido, pela polêmica que causou, foi a publicação, em 1930, do poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade (no livro Alguma poesia ), em que se repete diversas vezes as palavras “No meio do caminho tinha uma pedra” em diferentes ordens. Foi o suficiente, na época, para os defensores do purismo linguístico babarem de ódio e bombardearem o poeta com todo tipo de acusação grosseira. Em 1967, para marcar os quarenta anos da escrita do poema, o próprio Drummond reuniu o material publicado sobre ele no volume Uma pedra no meio do caminho – biografia de um poema . O gramático Napoleão Mendes de Almeida, por exemplo, se recusou, até morrer (em 1988), a dar o título de poeta a Drummond por causa desse imperdoável “pecado”. Hoje, Carlos Drummond de Andrade é reconhecido, internacionalmente, como um dos maiores poetas do século X

Poesia: crianças, conceitos, tendências e práticas

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Léo Cunha Trata-se do fato de que a grande maioria dos livros de poesia premiados, tanto na FNLIJ quanto no Jabuti, apresentam, para além de suas qualidades literárias, ilustrações bem elaboradas e um acabamento sofisticado. Tal constatação tem um lado muito positivo, que é a consolidação de uma produção editorial cuidadosa. Mas há também um lado negativo, ou pelo menos preocupante: ao praticamente exigirem dos livros o acabamento impecável, as premiações sugerem a possibilidade de que muita poesia de qualidade esteja sendo desconsiderada. Afinal, os júris que premiam, as comissões que selecionam obras para programas governamentais, mas também professores, bibliotecários, pais, crianças, enfim qualquer um que se (dis)ponha a escolher um livro de poesia corre o risco de deixar de lado uma obra poética de qualidade, caso a produção editorial do livro não acompanhe essa mesma qualidade. Trata-se de mais um desafio a ser enfrentado pela literatura, e principalmente a poesia, infa

A simplicidade de um texto

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Marcos Bagno      A simplicidade de um texto é fruto, sempre  — por mais paradoxal que isso possa parecer  —,   de um árduo trabalho de escrita, reescrita e re-escrita, e de muitos cortes e supressões de penduricalhos e coisas supostamente sofisticadas. Escrever é limpar o jardim, arrancar ervas daninhas, tirar pedregulhos do caminho, podar os arbustos e as moitas  —   só assim as flores podem se destacar e mostrar a beleza simples de que são feitas. BAGNO, Marcos. Não é errado falar assim! Em defesa do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. p. 87.