Escrever não é um dom – Conclusão


 Procurei, com base nas experiências de outros autores e minhas, demonstrar que a escrita literária ou técnica não é um privilégio de poucos ou que tenha uma ligação divina. Para concluir meu ponto de vista, transcreverei experiências próprias:
Antes de participar do prêmio literário Alina Paim, pedi a opinião da professora Dilma Marinho de Carvalho. Ela me aconselhou a melhorar os diálogos, os tempos verbais e sugeriu mudanças em várias partes do livro. Pediu que eu fizesse outra revisão. Disse ela: “Acho que você deve fazer outra revisão, pois há coisas q só o autor pode decidir mudar”.
Não retruquei. Enquanto seguia seus conselhos, percebi que no miolo do livro havia um capítulo deslocado. O que fiz? Sem dó ou piedade, eu o exclui com veemência. Continuei minha revisão, apagando parágrafos, escrevendo outros, substituindo palavras até o livro ficar pronto para o envio. O resultado foi a primeira colocação na categoria infanto-juvenil do citado prêmio.
O meu recente título, A menina das queimadas, foi revisto por mim várias e várias vezes até chegar ao ponto onde defini que estava pronto para publicação.
Então, enviei o livro para a revisão. A revisora ao concluir seu trabalho, disse: “Para deixar a leitura mais suave e formalizada, realizei a mudança de verbos como a gente tinha para tínhamos, sem comprometer o sentido do texto”.
A revisora seguiu sugerindo outras mudanças. Ela sugeriu a mudança da frase “Viver para dentro de casa” por “viver dentro de casa”. Eu recusei a sugestão dela. Querem saber por quê? Porque se a preposição para fosse excluída da frase tiraria o brilho da ideia e a mensagem nela contida. Por que fiz isso? Porque nem sempre as regras devem prevalecer sobre a mensagem do texto. Para isso, é necessário conhecê-las.
Para os espirituais, concluo: deixe a sua mente livre para a criação, mas conheçam todas as técnicas que a escrita criativa exige.

4 Comentários

  1. Parabéns, ótimas dicas. Sucesso!
    http://poesiasesonetos.blogspot.com.br
    http://soltandoamente.blogspot.com.br

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    1. Obrigado, Nádia, por gostar do texto. Entendo que é importante desmistificar a ideia de dom.

      Todo mundo pode escrever um texto, assim como qualquer pessoa é capaz de exercer a profissão escolhida. A diferença está vocação.

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  2. Interessante!! Concordo com o que disse, mas acredito que precisa ao menos gostar para poder fazer uma produção de nível maior =)

    Adolecentro

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    1. Suzana, obrigado pela visita.

      De fato, quanto mais gostamos de uma coisa, melhor fazemos. Mas o fato de gostar não impedi que alguém seja capaz de escrever. A essência da literatura são as emoções e todas as pessoas vivem emoções.

      Com as técnicas e o hábito da leitura, qualquer pessoa é capaz de comunicar.

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