O amor morreu?


Amor surge a cada dia e ele não me comove. O amor de ontem, sem vento, sem dia. Apenas pequeno e sem Grécia não me move. O amor que um dia sonhou por mim, hoje me é estranho e sem nome. O amor que eu não quero entre as minhas pernas, nem nos meus lábios. O amor precisa reviver, pois, está semimorto no meio do caminho.
Estive estes dias consultando o Silveira Bueno. No meio de tantas, me deparei diante de uma que se tornou desbotada pelo uso midiático– o amor -. Estava lá, negrito, frio, sem flecha, aljava, Grécia, sem que alguém o despertasse. Parei um pouco nele, nestas paradas de Sofia, abri a página e o olhava como se o mesmo estivesse vivo, me comunicando alguma coisa. Tive a impressão que ele queria saltar da página e, por coincidência, escreveram-no de vermelho no Mini Aurélio. Comparei as cores e percebi a dualidade do espírito: vida ou morte.
[1]Entendi que ele quer vida nova, ideia nova. Ele, o amor, quer sair das telenovelas, dos comerciais. Está cansado daquelas cenas sem paladar. Daquelas cenas que só estimulam a carne. Não precisamos desta escravidão, desta falsa consciência. Precisamos fazer todas as coisas de forma natural, vindo espontaneamente da natureza.
As pessoas buscam um modelo para o amor, uma forma, fôrma de amor, imposta por uma determinada classe, deslocando as pessoas de sua realidade. É a indústria do sexo, do amor. Ao invés de amor como sexo, fantasia de sexo é preferível fazer sexo com compreensão num todo, percebendo as coisas, vivendo-as sem hipocrisia, medo, receios.
O que há é o hábito de amor, estimulado pelos interesses pessoais e financeiros, imitativo, vaidosos, midiático; baseado no estímulo do sexo como objeto de consumo, nada mais. Por causa desse cultismo ao sexo sarado, o namoro e o casamento se desmancham facilmente.
A compreensão é a forma verdadeira do amor, livre, sem pressão; onde as pessoas se partilham, onde vê no outro a sua metade, sem vícios; solidificados nos bons sentimentos, como sinceridade, afago, carinho, etc... As pessoas deveriam abraçar a compreensão, abandonando a indústria do amor.
O amor é um sentimento que tem vencido o tempo. É vivido de modo diferente em cada época e por diferentes culturas. Ele, também, aparece em outras formas de sociedade. O grilo, por exemplo, possui três canções para o Amor. A primeira é para informar que está “namorando” a grila; a segunda é para dizer ao colega que ele tá “na área” e a terceira para copular.
Portanto, somente o amor como forma de compreender o outro e o mundo que os envolvem é capaz de se livrar daquela falsa consciência.




[1] Estar biologicamente comprovado que o sexo é uma necessidade prazerosa, que faz bem a saúde física e mental.

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